O País ganhou as diretrizes para o uso estratégico de dois importantes ativos: água e solo. O presidente Michel Temer assinou o Decreto 9.414, que inicia as atividades do Programa Nacional de Solos do Brasil (PronaSolos), que vai discutir e orientar ações neste segmento para os próximos 30 anos.
O Pronasolos pretende mapear o território brasileiro e gerar dados com diferentes graus de detalhamento para subsidiar políticas públicas, auxiliar gestão territorial, embasar agricultura de precisão e apoiar decisões de concessão do crédito agrícola, entre muitas outras aplicações. O trabalho, liderado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, terá apoio da Embrapa, universidades, institutos e empresas de pesquisa e agências especializadas.
O PronaSolos está orçado em R$ 1.3 bilhão, nos dez primeiros anos, e envolverá atividades de investigação, documentação, inventário e interpretação de dados de solos brasileiros para gestão desse recurso e sua conservação. Entre os maiores resultados esperados estão a criação de um sistema nacional de informação sobre solos do Brasil e a retomada de um programa nacional de levantamento de solo.
“Esse é um passo para o futuro, estamos tratando água e solo com a dignidade necessária. Com a assinatura do presidente da república, o Brasil passa a ter uma estratégia de 30 anos para levantamento do uso dos solos”, explica o coordenador do Pronasolos, o chefe geral da Embrapa Solos, José Carlos Polidoro.
O Programa deve gerar ganhos de R$ 40 bilhões ao País dentro de uma década, de acordo com especialistas. Esse valor é dez vezes mais do que o investimento necessário para todo o Programa. “Num futuro próximo, teremos a erosão controlada no Brasil, evitando um prejuízo anual de US$ 5 milhões por ano”, acrescenta Polidoro.
“A produção de alimentos cada vez mais sofisticados e a desertificação observada em diversas partes do planeta são exemplos de questões relacionadas a esse valioso recurso”, comentou o presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes.
Segundo dados da FAO, o Brasil possui 140 milhões de hectares com diferentes níveis de erosão (o equivalente a mais de nove milhões e 500 mil Maracanãs) e precisa reverter esse quadro o quanto antes. A expectativa é de que, com o Pronasolos, será possível evitar que novas degradações aconteçam e facilitará na recuperação de áreas degradadas.
A questão do uso racional de solo é global. Com um terço de suas terras degradadas, nos Estados Unidos a erosão causa prejuízos anuais na ordem de US$ 10 bilhões de ao ano. Uma área de terras degradadas faz com que as populações sejam forçadas a tentar produzir em terras marginais, não aptas para lavouras ou pastagens, ou avancem em direção a terras mais frágeis. No Brasil, isto poderia significar uma expansão para Amazônia e Pantanal, por exemplo.
Equipe SNA/RIO