Gestão é a palavra de ordem para quem deseja desenvolver um negócio sustentável, fugindo das ainda altas taxas de mortalidade que assombram o empreendedor brasileiro. Hoje, de cada cinco empresas abertas no país, uma entra em falência após dois anos, revelam dados do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae). Embora a taxa de mortalidade das empresas venha diminuindo ao longo dos anos (em 2010, eram duas a cada cinco), essa ainda é uma preocupação de quem deseja investir no sonho de abrir um negócio próprio.
No caso da agricultura, os números não chegam a um resultado final, impedindo a verificação da taxa de mortalidade das empresas agrícolas. Isso acontece porque boa parte dos registros desses negócios é realizada apenas em órgãos estaduais de controle, fator que dificulta o cruzamento de dados nacionais. Entretanto, avaliam os especialistas, a mesma regra se aplica a todo o mercado.
“A gestão do agronegócio não pode ser encarada como um hobby”, garante a zootecnista Luciana Rizo, professora do curso de extensão em Administração Rural oferecido pela SNA no Rio de Janeiro. Ela destaca que o nível de profissionalização da administração dessas empresas está geralmente sujeito ao seu porte. “Em médias e grandes empresas, geralmente a gestão é profissional. No caso da agricultura familiar é que encontramos formas mais simples”, explica.
Em virtude do alto nível de competitividade do segmento, seguir modelos de administração aprendidos com os pais pode não ser a alternativa mais adequada para garantir a sobrevivência de negócios do universo agrícola. Dados do Grupo de Estudos de Empresas Familiares da Fundação Getúlio Vargas mostram que 70% dos negócios desse tipo não chegam à segunda geração e menos de 10% chegam à terceira.
Segundo a zootecnista, conhecimentos sobre os cenários de mercado, custos de produção e margens de lucratividade são essenciais para quem deseja se posicionar de maneira competitiva no mercado. “Saber o que fazer de acordo com a realidade que você tem é o que define a rentabilidade do negócio”, aponta Rizo.
A ampliação da importância da produção brasileira no cenário internacional também trouxe novas exigências a quem deseja se projetar nesse setor. “Com a globalização, só fica no mercado quem tem condições de competir. A própria política de mercado está exigindo uma administração mais profissional”, garante a especialista.
Se, por um lado, o mercado agrícola tem se mostrado cada vez mais competitivo, por outro, as oportunidades de negócio vêm oferecendo remunerações melhores. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a renda da agricultura familiar cresceu 52% nos últimos dez anos. Uma das explicações para esse fenômeno está no maior acesso ao crédito rural.
Durante esse período, os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), principal fonte de crédito de custeio e investimento dos produtores, quintuplicaram. Este ano, apenas esta linha movimenta R$ 21 bilhões, de um total R$ 39 bilhões direcionados a atividades no segmento.
Capacitação
Para atender a demanda por profissionalização no mercado rural, a SNA oferece o curso de extensão em Administração Rural. As aulas são realizadas na Escola Wencesláo Bello, no Rio de Janeiro (RJ),em quatro sábados, nos turnos da manhã ou tarde.
São apresentados os conceitos básicos de administração, classificação da empresa rural e das unidades de produção, planejamento e controle agrícola, além da análise da viabilidade econômica do negócio.
“Ao fim do curso, é possível entender se o projeto agrícola é lucrativo antes que ele seja executado”, explica a professora Luciana Rizo. Grande parte dos alunos é formada por pessoas que querem transformar suas propriedades rurais em negócios rentáveis, mas também há jovens que veem no curso uma oportunidade de investir na carreira. Não há pré-requisitos para se inscrever.
As inscrições podem ser feitas pelo telefone (21) 3977-9979, ramais 4 ou 9. Também é possível acessar mais detalhes do curso ou ver outras opções de capacitação pelo link www.sna.agr.br/extensao.
Por Equipe SNA/RJ