Produtores de MT começam colheita antecipada de soja; trabalho ganha ritmo após Natal

As primeiras lavouras de soja de Mato Grosso já estão sendo colhidas e os trabalhos deverão ganhar ritmo na semana entre o Natal e o Ano Novo, muito antes do registrado em anos anteriores, após agricultores terem aproveitado uma janela climática bastante favorável para o plantio.

Com os trabalhos de colheita começando precocemente no Estado que responde por cerca de 30% da safra do Brasil, um maior volume de soja estará disponível para vendas e exportações já em janeiro, o que teria potencial de pressionar os preços da oleaginosa na bolsa de Chicago.

O Brasil é o maior exportador global de soja e deve colher uma safra recorde de mais de 102 milhões de toneladas, crescimento de 7,4% em relação a temporada passada, afetada pela seca em várias regiões.

“Alguns produtores começaram a colher esta semana. É alguém que teve coragem de plantar em setembro. Arriscaram, mas acabou chovendo logo após o plantio”, disse à Reuters o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Marcos da Rosa, que é produtor rural no leste de Mato Grosso.

Há relatos de que o trabalho já começou no nordeste do Estado, em algumas pequenas áreas dos municípios de Vila Rica e Confresa, um fato isolado, uma vez que nessa região, de maneira geral, o plantio foi mais atrasado.

Segundo o dirigente da Aprosoja, a maioria dos agricultores do nordeste de Mato Grosso, que havia registrado fortes prejuízos com clima adverso na temporada anterior, adotou cautela nesta temporada 2016/17 e só plantou com as chuvas normalizadas.

Na média do Estado, maior produtor nacional de soja, o trabalho de plantio ocorreu com velocidade recorde. No final de outubro, cerca de 45 dias após o início do período autorizado para o cultivo, dois terços das lavouras de 2016/17 já estavam semeados, quase o dobro do registrado um ano antes.

Assim, muitas lavouras já estarão maduras e prontas para a colheita nos próximos dias.

“Semana que vem a colheita já começa em escala maior. O período de Natal e de Ano Novo vai ser de muito trabalho”, disse o diretor técnico da Aprosoja Mato Grosso, Nery Ribas.

Neste cenário, Mato Grosso poderá chegar ao fim de janeiro com 25% de sua safra de soja colhida, colocando no mercado mais de 7 milhões de toneladas na oleaginosa, em um período que costuma ser ainda de fim de entressafra, segundo a consultoria AgRural.

Na história recente do Estado, o índice mais acelerado de colheita de soja em janeiro havia sido registrado em 2009/10, quando o mês terminou com 16% das áreas colhidas.

Chuvas

As atenções dos produtores de soja de Mato Grosso estão voltadas para o regime de chuvas, já que o excesso de umidade pode obrigar uma paralisação da movimentação de máquinas nas lavouras e reduzir a qualidade dos grãos, com perdas no valor obtido na venda dos lotes.

“Até o momento a qualidade das lavouras está excelente. Mas tem risco de excesso de chuvas na colheita”, disse Ribas.

A Somar Meteorologia indicou nesta quarta-feira que nos próximos três dias haverá precipitações acumuladas entre 10 e 50 milímetros no centro, oeste e norte de Mato Grosso.

“Entre o fim de dezembro e início de janeiro, a chuva enfraquece no Sul (do Brasil) e aumenta no Centro-Oeste”, destacou a Somar.

Além dos problemas causados pela chuva no momento em que a soja já está seca e pronta para a colheita, o ambiente úmido favorece a propagação da doença fúngica conhecida como ferrugem asiática. Quando ela não é controlada pode provocar severas perdas nas plantações.

“O período de festas será de muito trabalho também por causa das aplicações de defensivos. Tem que ter cuidado com a ferrugem”, lembrou Rosa, da Aprosoja Brasil.

No Paraná, o segundo Estado produtor de soja e que também realiza um plantio mais precoce em relação à maior parte do País, ainda não há registros de colheita.

“A colheita deve começar em janeiro. O plantio foi bem dentro do prazo e a colheita deverá começar pelo sudoeste e pelo oeste do Estado”, disse o economista Marcelo Garrido, do Departamento de Economia Rural (DERAL), ligado ao governo paranaense.

 

Fonte: Reuters 

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