Produtores de café estão segurando vendas à espera de preços mais altos

Os cafeicultores dos dois principais países produtores do mundo, Brasil e Vietnã, estão segurando vendas até que os preços do grão subam novamente no mercado, segundo destaca matéria da Bloomberg. Os preços do café arábica de melhor qualidade já caíram 8% no ano e os do robusta 18%.

“Nós sabemos que os agricultores têm café, mas obviamente o mercado está mais baixo”, disse Jonathan Clark, gerente geral da Dakman, uma joint venture da trading de commodities ED&F Man Holdings Ltd. “Os agricultores não gostam dos preços porque, obviamente, eles estavam mais altos no ano passado. Daí leva tempo para que eles se ajustem”.

O produtor brasileiro de café João Luis Carneiro Vianna é um exemplo dessa realidade no mercado. Ele está segurando metade da colheita deste ano, de cerca 1.300 sacas de 60 kg, mais do que os 30% que seriam habituais no período. Vianna só deve retomar os negócios quando os preços voltaram para R$ 500,00 a saca. O Brasil é o maior produtor e exportador de café arábica do mundo.

No Vietnã, a realidade é parecida. Hoang Thi Thom é cafeicultor de uma das principais províncias do país, que é o maior produtor de robusta em nível global, e estimou para a Bloomberg que vendeu apenas uma pequena parte das quase sete toneladas (mais de 100 sacas de 60 kg) que espera nesta temporada. “Nós sofreríamos uma grande perda se vendêssemos o café a esse preço muito baixo”, disse Thom.

A agência destaca que essa reticência de cafeicultores mais capitalizados pode prejudicar as apostas dos especuladores de que um excesso de produção enfraqueceria ainda mais o mercado. Expectativas de uma safra vietnamita maior neste ano e colheita abundante em 2018 no Brasil, com chances de recorde, ajudaram na queda dos preços.

Essa alta produção nos países, no entanto, deverá ser utilizada para reabastecer os estoques de passagem que estão bem baixos. “Esses são dois dos países onde os agricultores são mais sofisticados”, disse à Bloomberg José Sette, diretor executivo da OIC (Organização Internacional do Café). “Os atuais níveis de preço não são tão atraentes para os agricultores. Não há entusiasmo para vender rapidamente”.

 

Fonte: Bloomberg

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