O Rio Grande do Sul já teve quase 1.2 milhão de hectares plantados com arroz. Na safra atual, a área deve cair mais de 100 mil hectares. Nesta temporada, em algumas áreas há um pouco de atraso e, em outras regiões, o plantio está muito atrasado. O produtor continua sua missão de plantar, mas o problema é o custo.
Na região da Fronteira Oeste, o custo médio está em torno de R$ 42,00 para uma saca, enquanto o preço não passa de R$ 37,00. O valor está bem abaixo do custo. Além disso, é uma lavoura que usa alta tecnologia e demanda altos desembolsos para correção do solo, manutenção da irrigação entre outros fatores. A própria condição do solo praticamente obriga o arrozeiro a seguir na atividade.
Para o produtor Nestor Jardim Filho, de Alegrete, a crise no setor precisa ser resolvida com urgência. “Precisamos buscar certas regras para ter condição competitiva com o Mercosul. Outro entrave é o custo de produção e o preço que estamos conseguindo no mercado, que permanece estagnado.
Na Associação de Arrozeiros de Alegrete conversamos com Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), que reúne mais de 30 associações do estado. Por causa da entrada de arroz do Mercosul, a federação apelou até para a diplomacia brasileira.
“Recentemente nós estivemos no Itamaraty com o objetivo de conseguirmos salvaguardas com relação a este arroz que está entrando e prejudicando a produção interna”, disse Dornelles.
A Federarroz encomendou até um estudo comparativo sobre o valor dos insumos comercializados no Brasil, na Argentina e no Uruguai. A pesquisa mostra que no Brasil os fertilizantes são, em média, 4% mais caros, os fungicidas 23% mais caros, os herbicidas 57% mais caros e os inseticidas 156% mais caros que nos países vizinhos.
“Nós gostaríamos da implantação de cotas imediatas, mas sabemos das limitações para isso. Mas acreditamos que é o único jeito de manter no negócio muito do nosso pessoal que já está prejudicado, afirmou Dornelles.
Se não forem tomadas medidas urgentes, o abastecimento de arroz para os brasileiros pode ser comprometido daqui a um ou dois anos.
“Chegamos a aconselhar uma redução de área a uns 90 dias atrás, mas agora estamos adotando uma posição de mais cautela com respeito à população e o objetivo de assegurarmos o abastecimento do Brasil, declarou o presidente da Federarroz.
“Falta política. Realmente falta sensibilidade em ver quanto emprego o agronegócio gera, diretos e indiretos”, disse Nestor Jardim Filho.
“Se o Brasil importa 16 a 18 milhões de sacas de arroz da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, não pode aplicar defensivos que são usados e muito mais baratos nestes países, inclusive genéricos, que ficam ainda muito mais baratos”, afirmou o deputado federal gaúcho Luis Carlos Heinze.
“Outro ponto são os custos que temos. O governo alega que o problema é o custo do arrendamento, muito caro, que até concordo, mas o nosso maior problema hoje é a carga tributária. O consumidor e o produtor precisam entender que do lado de dentro da porteira, um saco de arroz tem mais de 24% de impostos”, enfatizou o deputado.
Dentro desta conjuntura, o Brasil está vivendo uma de suas piores crises da história no setor do arroz.
Fonte: Planeta Arroz