Produtores brasileiros de café e açúcar lucram com alta do dólar

Muito produtores brasileiros de café e açúcar viram na semana passada uma rara oportunidade para fixar preços com margens razoáveis de lucro em um momento de excesso de oferta global para os dois produtos. Esses produtores agiram rápido para lucrar, quando a moeda brasileira atingiu sua mínima em dois anos em relação ao dólar.

Fornecedores de grãos também fecharam algumas vendas, principalmente para a próxima safra de soja, mas as negociações foram mais lentas em decorrência do debate político sobre custos de frete. A afirmação é de analistas e participantes do mercado.

O real despencou cerca de 5% em 7 de junho, com a moeda norte-americana avançando para quase R$ 4,00, em meio a receios sobre a política econômica errática e a corrida presidencial muito aberta. Para os produtores que vendem commodities em dólar, isso significa mais reais por tonelada de café, açúcar ou milho.

Fundos que investem em commodities e processadores de alimentos ficam atentos a informações de volumes de vendas de grandes produtores, como o Brasil, para ajustar melhor suas posições no mercado.

“Houve um bom volume de vendas de açúcar quando o dólar chegou a R$ 3,90”, disse Douglas Oliveira, um consultor que aconselha usinas de etanol e açúcar sobre estratégia de vendas. “Era uma oportunidade que você não poderia perder.”

Segundo Oliveira, usinas fecham em bancos e corretoras operações casadas que incluem venda de futuros do açúcar em Nova York e venda de dólares no Brasil em contratos conhecidos como NDF (Non Deliverable Forward) – as duas operações com o mesmo período de maturação.

“Nós fixamos quando há picos (nos preços)”, afirmou José Aparecido Naimeg, que produz café na região do Cerrado em Minas Gerais e entrega seu produto para a Expocaccer. A cooperativa se encarrega de fazer o hedge em Nova York.

O consultor disse que acompanhou vendas pesadas por produtores na semana passada, quando os preços em real subiram cerca de R$ 40,00 por saca (60 quilos), aproximando-se de R$ 500,00 por saca de café arábica.

O volume negociado para o café em Nova York em 7 de junho foi o máximo desde junho de 2016. O operador-chefe em uma das principais exportadoras de café do país, que pediu anonimato, disse que um comprador adquiriu 100.000 sacas por volta de R$ 490,00 por saca na semana passada, já que os produtores estavam mais dispostos a fechar negócios.

Thiago Cazarini, corretor na Cazarini Tranding Company, afirmou que os acordos esfriaram novamente depois que o Banco Central aumentou suas interferências no mercado de câmbio, trazendo o dólar de volta para cerca de R$ 3,70.

 

Fonte: Reuters

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