Produtores apontam fatores que estimularam boas vendas de sementes de soja para a safra 2020/21

Membros da Associação Brasileira de Produtores de Sementes de Soja (Abrass) têm obtido bons índices de comercialização para a safra 2020/21. Em entrevistas concedidas para o canal TerraViva e para o site Notícias Agrícolas, o presidente da Abrass, Tiago Fonseca, e o vice-presidente Gladir Tomazelli, explicaram os fatores que levaram à estimativa de 70% a 80% das vendas de sementes de soja.

Segundo os entrevistados, a antecipação intensa da comercialização da nova safra foi favorecida pela menor produção em função dos problemas climáticos sofridos em algumas regiões do Brasil, principalmente na região Sul do País; pelo aumento na cotação da moeda americana e pela elevação do preço da soja no mercado futuro. Esses fatores fizeram com que os agricultores, além de antecipar as vendas, garantissem a compra de suas sementes.

“O agricultor aproveitou a alta do dólar, o mercado futuro e fixou mais soja do que nos anos anteriores. Consequentemente, ele também garantiu a sua produção. O principal item para a produção, para cumprir seu compromisso, seu contrato, é justamente a semente. Então, houve sim uma demanda antecipada. As negociações aconteceram um pouco mais cedo neste ano do que nos anos anteriores”, disse Tomazelli.

Diante desse cenário, os produtores foram questionados sobre um possível déficit no mercado de sementes de soja. O presidente da Abrass comentou que o setor está preparado para atender a demanda e considerou a probabilidade de ocorrência de  dificuldades em algumas variedades de cultivares.

No entanto, o executivo afastou a possibilidade de falta de sementes. Segundo Fonseca, “o mercado está bem abastecido e seguro, com todas as variedades suficientemente fartas”.

Mercado estabilizado

“Não acredito na falta de sementes. Todos os estados conseguiram atingir as metas, tiveram alguma dificuldade em uma variedade ou outra, mas a meta do volume que normalmente se produz foi alcançada. Até porque os campos inscritos de sementes são maiores relativamente que a produção, então temos essa segurança para o mercado”, afirmou o presidente da Abrass.

O mercado de sementes de soja tem suas próprias características. Para os especialistas, são estas variáveis que proporcionaram uma oscilação no preço das sementes neste ano, em comparação com as cotações de 2019.

“É evidente que uma queda ou um aumento significativo no valor do dólar, aumenta ou diminui de forma significativa o preço do grão, que impacta um percentual no valor das sementes. Esta matéria prima, a alta no dólar, as tecnologias de produção, sua época de comercialização, são bem diferentes do mercado de grãos. Mesmo assim, eu diria que as sementes tem um mercado bastante estabilizado”, disse Tomazelli.

Desafios

Apesar das evidentes diferenças entre o mercado de grãos para o mercado de sementes de soja, o presidente da Abrass disse enxergar nessa variação de preços um impasse para o produtor. “O multiplicador não está conseguindo estabilizar o valor da matéria-prima para o preço da semente. Esta é uma dificuldade que estamos enfrentando”, destacou Fonseca.

“As perspectivas com relação ao custo de produção também serão um desafio para este setor”, disse o presidente da Abrass. “Os custos de insumos, por exemplo, principalmente os fertilizantes, irão refletir no bolso do produtor”.

Para Fonseca, “este é um grande problema quando se faz uma lavoura com o dólar acima dos R$ 5,00 em média, onde o preço do fertilizante subiu cerca de 20% a 30%. O produtor não consegue trabalhar com essa flutuação do dólar”.

“Se fizermos uma lavoura com dólar alto e vendermos com dólar alto é tranquilo, mas se fizermos uma lavoura com dólar alto e vendermos com dólar baixo, isso nos causa uma quebra muito forte na rentabilidade”, acrescentou o executivo.

Linhas de crédito

Com relação à receptividade do produtor com linhas de crédito, o presidente da Abrass finalizou explicando que, independentemente do Plano Safra, é possível obter taxa de juros mais baixas no mercado.

“Fala-se em torno de 7,50%. O governo está estipulando entre 6% a 7%. Mas hoje em dia o grande produtor consegue fácil acesso à taxa de juros mais baixa, em torno de 5% até 3,50%. O problema é que estas taxas mais baixas não estão chegando ao pequeno produtor”.

 

Fonte: Abrass

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp