Produtores antecipam compras de insumo para o milho safrinha

Em janeiro, os produtores receberam 2.63 milhões de toneladas do insumo, contra 2.13 milhões um ano antes, segundo levantamento da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA). Ainda que focado na colheita de verão, o agricultor mais capitalizado está adiantando as compras de insumos para o plantio de milho na safrinha. A estratégia já pode ser mensurada pela alta de 23,6% nas entregas de fertilizantes em janeiro sobre um ano antes.

“O produto entregue agora foi negociado no final do ano anterior, quando o [preço do] milho estava em queda, mas o do fertilizante caía ainda mais”, disse o analista do Rabobank Brasil, Victor Ikeda. Consideradas as cotações dos adubos no mercado à vista, contra o índice futuro do cereal – com base em setembro, época da colheita – ele explica que a relação de troca estava 30% mais favorável ao agricultor. O percentual é válido na comparação anual.

No Mato Grosso, o valor dos insumos listados na categoria de micronutrientes variam de R$ 1.250,00 a R$ 1.490,00 a tonelada para a produção de milho, segundo a análise mais recente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), referente a dezembro de 2016. Estes custos tiveram retrações de 2,78% a 19,54% contra o mesmo mês do ano anterior. Agora, a relação de troca naquele estado está em 55,41 sacas por hectare – volume de grãos necessários para aquisição do insumo.

As compras de fertilizantes começaram a se intensificar em novembro e seguiram aquecidas até janeiro, apoiadas também na expansão das áreas de plantio de milho safrinha. “Isso por si só acarreta uma necessidade maior de aplicação de insumos”, disse o analista da consultoria INTL FCStone, Fábio Rezende.

Espera-se um aumento de 3,7% na área do milho nesta temporada, para 16.5 milhões de hectares, em relação à safra de 2015/2016. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), somente na safrinha há estimativa de aumento de 4,7% em área plantada, para 11.03 milhões de hectares, a vasta maioria da cadeia.

A analista da consultoria Globalfert, Graziela Contiero Talarico, destaca um terceiro elemento que colaborou para a aceleração das entregas em janeiro: a explosão na unidade de Cubatão (SP) da Vale Fertilizantes. O problema comprometeu parte da produção interna, elevando a compra externa de nitrato.

“Tivemos uma demanda mais forte vinda do milho safrinha, vamos começar a ver um movimento das usinas de cana-de-açúcar aquecer ainda mais a demanda brasileira e não podemos nos esquecer dos produtores de soja que estão vendendo e já pensando em se planejar para 2017/2018”, disse Ikeda, do Rabobank.

Cenário externo

No exterior, existe a expectativa de que os Estados Unidos lancem duas unidades de produção de nitrogenados, fato que mantém a tendência baixista das cotações. No caso dos fosfatados, Ikeda disse que o custo de produção da indústria ainda é baixo, abrindo espaço para maiores quedas de preço.

A contramão está nos nutrientes que têm o potássio como matéria-prima. Os indicadores atingiram a mínima em novembro de US$ 215,00 a tonelada (FOB) e têm marcado recuos gradativos. Em dezembro ficou em US$ 220,00 a tonelada e no mês seguinte, em US$ 222,00 a tonelada.

“O Brasil é o maior importador de potássio do mundo e o aumento na demanda vinda daqui colabora para sustentar os preços internacionais deste segmento em alta”, disse o especialista do Rabobank.

 

Fonte: DCI – Diário do Comércio & Indústria

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