Os recentes registros de influenza aviária no mundo estão mexendo com o setor de avicultura. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já foi procurada por países que deixaram de comprar carne de frango de mercados onde houve casos da doença para saber se o Brasil tem condições de suprir a demanda.
Conforme o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA e membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), cerca de 600 mil toneladas devem deixar de ser compradas neste ano de nações que notificaram o registro da influenza aviária.
“O Brasil, conservando a sanidade, tem grande chance de capturar boa parte dessa quantidade. Em 60 dias, temos condições de nos rearticular para atender parte da nova demanda”, disse Turra, na quarta-feira passada, 26 de janeiro, em Porto Alegre, durante evento organizado pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), para alertar sobre o risco da doença em razão de casos comunicados pelo Chile no início deste mês.
Conforme o governo chileno, a influenza aviária registrada seria a de baixa patogenicidade. No entanto, Turra foi enfático ao alertar que “o avicultor brasileiro não pode baixar a guarda”. Pelo contrário, precisa reforçar todos os controles sanitários na sua produção para afastar qualquer risco.
MEDIDAS
A primeira medida é proibir a entrada de pessoas estranhas nos aviários ou mesmo que tenham vindo de viagem, orienta Turra.
A influenza aviária tem disseminação muito rápida em lotes de aves, afetando múltiplos órgãos e apresentando alta mortalidade, conforme informações do Ministério da Agricultura. Além das mortes, animais nas proximidades do foco precisam ser sacrificados.
De acordo com o presidente da ABPA, o Chile abateu preventivamente 150 mil perus. Depois de realizar novo teste e confirmar a doença, determinou o abate sanitário de mais 200 mil aves, que precisam ser descartadas.
“Lembram da febre aftosa registrada no Estado? Até hoje pagamos o preço porque um dia tivemos aftosa aqui”, comparou Turra.
Em sua palestra, ele ainda destacou que o Brasil é líder mundial em exportação de frango desde 2005 porque houve registro de doenças em países e essas nações se viram obrigadas a deixar de vender. O cenário pode voltar a ser favorável para o Brasil. Porém, ele reafirmou: “O avicultor não pode descuidar dos controles em sua propriedade”.
STATUS SANITÁRIO
“O Brasil, com esse status sanitário, é uma referência no mundo. Material genético, por exemplo, incrementamos muito a venda, incluindo ovos férteis. E há muita procura de países que jamais se imaginou, como a Rússia e o Egito. Não é só frango que vamos exportar, mas material genético. E o Rio Grande do Sul, que é um grande produtor, tem de se desdobrar para tomar cuidado, porque grande parte do comércio do Chile passa aqui pelo Estado, incluindo o fluxo turístico”, enfatizou o presidente-executivo da ABPA.
Conforme Turra, sem o registro da doença, o Brasil ganha duas vezes: não perde a sua produção e ainda conquista espaço no mercado internacional deixado por países que registraram a doença.
“A carne de frango brasileira está presente em 69% dos países europeus e 100% do Oriente Médio. Não dá para perder esse mercado”, destacou.
O presidente-executivo da ABPA informou ainda que na próxima semana irá ao Uruguai para mostrar os cuidados sanitários adotados no Brasil e que possam ser replicados no país vizinho.
“Temos de fazer como um exercício de prevenção de incêndio. Não vai ter incêndio, mas temos de nos preparar como se houvesse.”
Fonte: ABPA com edição da equipe SNA/RJ