O início da safra 2017/18 não vai bem nos Estados Unidos. Mas isso não deve dar um novo ânimo ao produtor brasileiro. Muita coisa precisa mudar para pior nas lavouras americanas para que os Estados Unidos interfiram menos no volume mundial de grãos.
O plantio está atrasado, devido ao excesso de umidade. O produto que mais sofre com o excesso de chuva é o milho. Estimativas indicam que boa parte da área que foi semeada com esse cereal deverá ser replantada. O tempo passa e a partir das próximas semanas os americanos perdem o prazo ideal para o plantio ou o replantio de milho. Quem ficar fora desse período vai optar pela soja.
Com isso, a área de soja, que já supera em 2.5 milhões de hectares a do ano passado, poderá crescer ainda mais neste ano. O resultado disso é uma safra de soja ainda maior nos Estados Unidos, e preços em queda.
Na terça-feira (30), o contrato de julho da oleaginosa recuou para US$ 9,10 ½ / bushel (27,2 quilos), a menor cotação desde 9 de março de 2016. Após pequena recuperação no final do pregão, terminou o dia a US$ 9,12 ¾. O problema é que o aumento da safra de soja influencia muito a rentabilidade dos produtores brasileiros, devido à queda de preços. Já a redução da safra de milho nas lavouras dos EUA não traz tantos benefícios aos brasileiros.
Além de a safrinha deste ano estar com patamares recordes de produção, os argentinos também vão colocar um volume elevado do cereal no mercado internacional. Uma das poucas coisas que poderiam influenciar a produção norte-americana seria a ocorrência de seca em junho e julho, segundo Daniele Siqueira, da AgRural. Caso contrário, a oferta mundial de milho neste ano será grande.
A consultoria termina nesta semana o levantamento de produção de milho safrinha, mas já constata que haverá números recordes pela frente.
Nos EUA
Os produtores norte-americanos já semearam 67% da área que será destinada à soja nesta safra 2017/18. No ano passado, a área coberta neste período do ano era de 71%. Já o plantio de milho atinge 91% – próximo dos 93% do ano passado. Em algumas áreas, no entanto, o replantio deverá superar 10%. Estimativas mais pessimistas indicam até 40%. Essas previsões podem ser exageradas, mas este deverá ser o ano com o maior percentual de área a ser replantada, afirma Siqueira.
Um dado que preocupa os produtores dos Estados Unidos é a qualidade das lavouras. O USDA indica que em alguns estados o percentual das lavouras consideradas em condições boa e excelente é baixo. A média do país é de 65% contra 72% em 2016, mas os estados de Indiana e de Illinois têm apenas 43% e 52%, respectivamente, das lavouras nessas condições.
Fonte: Folha de S. Paulo