Produtor critica Plano Safra, mas adia tomada de crédito

Mesmo insatisfeitos com os juros que deverão ser anunciados para o Plano Safra 2018/19, os produtores rurais e as cooperativas agrícolas estão esperando a entrada em vigor das novas taxas, no dia 1º de julho, para voltar a fechar operações de crédito rural. O setor pressionou por uma queda de até 3% nesses financiamentos na próxima temporada, mas a tendência é que a redução seja confirmada pelo governo federal em até 1,5%.

O anúncio do novo Plano Safra será feito amanhã pelo presidente Michel Temer e pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em cerimônia no Palácio do Planalto. A equipe econômica do governo já sinalizou que as taxas das operações de custeio e comercialização cairão dos atuais 8,5% para até 7% ao ano, e que os juros das linhas de investimento recuarão de entre 6,5% e 7,5% para entre 5% e 6%, conforme fontes a par das negociações.

O Valor apurou que desde abril o Banco do Brasil, que lidera o mercado de crédito rural no País, com participação de cerca de 60%, já começou a ofertar crédito para o pré-custeio rural, ainda com recursos do Plano Safra 2017/18, a 7,5%, prevendo justamente que a taxa em 2018/19 ficará nesse patamar.

Já o volume de recursos, que foi de R$ 188.3 bilhões em 2017/18, também não deverá mudar muito no próximo Plano Safra. Ontem, técnicos dos ministérios da Agricultura e da Fazenda e do Banco Central ainda definiam os últimos detalhes do pacote de crédito que, contra a lógica tradicional do Plano Safra, terá taxas de juro acima da taxa básica de juros (Selic), que está em 6,5%.

Antônio Chavaglia, presidente da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais doo Sudoeste Goiano (Comigo), afirma que a cooperativa já orçou em R$ 130 milhões o montante de recursos necessários para erguer três armazéns, uma fábrica de rações e uma misturadora de minerais para fertilizantes, e que agora espera as novas condições entrarem em vigor.

“Não tomamos nada até agora esperando a virada da safra para ver se o novo plano contemplará nossas necessidades. Caso contrário, teremos que adiar esses investimentos”, disse o dirigente.

Já o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Bartolomeu Braz, acredita que, se for confirmada uma “redução pequena” nas taxas de juros dos financiamentos ao agronegócio no próximo ciclo, deverá aumentar o contingente de produtores que já recorrem aos juros livres de bancos privados ou intensificam suas trocas com tradings, cooperativas e revendas de insumos. “Hoje já há produtor que busca mais recursos de capital estrangeiro e de bancos privados, porque tem sido mais vantajoso”, afirma Braz. Ele lembra que, enquanto a taxa do custeio está fixada em 8,5%, há produtores que conseguem tomar a 7%.

 

Fonte: Valor

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp