Produtor brasileiro vai continuar a vender soja acima dos US$ 10,00/bushel

O analista do SIMConsult, Liones Severo, conversou nesta quarta-feira (3/10) com o Notícias Agrícolas sobre os rumos do mercado da soja, que se aproximou novamente dos patamares de US$ 9,00/bushel na Bolsa de Chicago (CBOT).

Severo destaca que o preço não é causa da comercialização e das oscilações, e sim a estrutura do mercado e como ela se comporta perante a oferta e a demanda. No Brasil, os produtores não aceitam vender a soja abaixo de US$ 10,50/bushel e o demandante, como precisa do produto, aceita pagar esse preço. Dessa forma, os prêmios estão elevados neste mercado.

Para o analista da SIMConsult, é possível estabelecer várias relações a partir do produto. A literatura é muito dependente da CBOT, mas ele ressalta que existem muitos fatores alheios a isso. “A China vinha dizendo que iria reduzir suas exportações, mas nesta noite já comprou soja para dezembro e janeiro no Brasil, de olho no plantio antecipado no Paraná”.

A avaliação é de que a China vai buscar soja brasileira de qualquer maneira, já que um acordo com os Estados Unidos, da forma que foram feitas as retaliações, na visão de Severo é difícil de ocorrer. Ele também salienta que o Brasil possui competência para atender à demanda chinesa. Sendo assim, o país asiático deve investir neste mercado, que terá sempre a preferência.

Contudo, Severo lembra que seria importante a presença de outros players e de uma concorrência saudável no mercado. No entanto, a condição atual é extremamente relevante e o Brasil foi “premiado” por essa condição. A soja, se bem administrada, não dá prejuízo, segundo o analista.

Contabilizando Chicago e os prêmios, além da variação cambial, a soja tem potencial para trabalhar em um intervalo de preços de US$ 10,50/bushel até US$ 12,50/bushel no Brasil.

Nos Estados Unidos, os produtores resistem em vender. Com essa condição, somada à chegada da nova safra e com os problemas climáticos que ameaçam a qualidade do grão norte-americano, o mercado deve começar a buscar um nível de competência para que os produtores possam vender em um modelo baseado na conveniência do vendedor e na necessidade do comprador.

Em relação ao Brasil, Severo apontou que a oferta não é tão fraca, mas que é extremamente disputada, e essa disputa é o que, justamente, forma os preços. A China também busca alternativas, como a compra de milho ou de canola do Canadá, procurando ficar independente dos Estados Unidos. Para outros importadores, a soja brasileira é cara. Desta forma, apenas os chineses têm poder de compra no mercado nacional.

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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