Exclusivo. Esse é um bom adjetivo para definir o óleo extraído das bergamotas do Vale do Caí, principal produtor de citrus do país. O produto, único no mundo e feito somente nesta região, é comercializado para a indústria alimentícia brasileira e também para a europeia. A França é a principal compradora para usar o óleo para outro fim: o cosmético.
A parceria entre os citricultores do Caí e os franceses só foi possível devido a boa parte da produção gaúcha ser orgânica, ou seja, sem o uso de agrotóxicos. Além de ter certificações internacionais que atestam a qualidade da produção, como é o caso dos produtores da Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí (Ecocitrus).
Há três anos, todo o óleo processado em Montenegro, sede da cooperativa, é vendido para uma indústria da França, que chega a pagar 40% a mais se o óleo for orgânico. O produto convencional sai por 40 dólares o quilo.
“Os europeus, não só os franceses, valorizam e querem produtos livres de qualquer químico. Isso nos garantiu a entrada no mercado deles com um produto totalmente local, do Caí”, orgulha-se Ernesto Carlos Kasper, citricultor e gerente de relações institucionais da Ecocitrus.
A extração do óleo essencial a partir da casca da bergamota não é uma técnica nova para os produtores do Caí. Há pelo menos quatro décadas ela foi incorporada na época do raleio, que é a retirada de parte das frutas verdes ainda no início do crescimento, permitindo um melhor desenvolvimento do citrus. A diferença é que hoje o trabalho é feito de forma organizada e lucrativa para os citricultores.
De acordo com a Emater, o preço médio recebido pelos citricultores para a caixa de 25 kg de bergamotinha verde é de R$ 5,50, podendo chegar a R$ 6,25. Antes, boa parte das frutas eram descartadas. Agora, vendidas para indústrias que vão processar o óleo, ajudam a pagar a mão-de-obra no campo. Sem contar o valor agregado e a divulgação que a região ganha com o produto sendo vendido para fora do país.
Na avaliação do assistente técnico da Emater, Derli Paulo Bonine, o óleo da casca proporciona uma renda a mais para os citricultores e exige cada vez mais um nível de qualificação da produção.
“As cooperativas são grandes aliadas nesse novo momento. Porque os produtores estão presentes em todos os processos, da lavoura e ao produto final, que não é só a fruta de mesa”, explica.
O óleo essencial de bergamota é extraído de três variedades da fruta. A montenegrina, caí e pareci são as que conseguem oferecer a qualidade necessária para o produto. A cada tonelada processada é extraído de 4 a 6 litros de óleo essencial. A estimativa para 2014 é que sejam comercializados cem mil litros de óleo produzidos no Vale do Caí.
Fonte: Zero Hora