O índice de produtividade agrícola brasileiro multiplicou-se 3,7 vezes de 1975 a 2010, o dobro da velocidade observada nos Estados Unidos. O incremento da produtividade no Brasil corresponde a um crescimento médio de 3,6% por ano ao longo de 35 anos, descontados aumentos simultâneos na quantidade total de custos no campo, entre trabalho, máquinas e outros. Os resultados resultam de pesquisa apoiada pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
Nas últimas décadas, o país diminuiu a grande lacuna de eficiência ainda existente em relação a estruturas mais modernas, mas manteve uma produção agrícola muito concentrada em poucas propriedades, com 10% dos estabelecimentos respondendo por 85% do valor bruto produzido.
Os autores, Armando Fornazier, doutorando em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e José Eustáquio Vieira Filho, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que a produtividade agrícola calculada no estudo refere-se ao aumento da quantidade de produto que não é explicada pelo aumento da quantidade dos insumos, mas sim por ganhos de eficiência da produção, os quais dependem basicamente do desenvolvimento científico e tecnológico.
Segundo os autores, a modernização do setor agrícola brasileiro transcorreu em momento posterior ao da agricultura americana. “No Brasil, a mecanização do campo e o uso de insumos modernos, bem como o avanço para novas fronteiras produtivas, como o Centro-Oeste, só vieram a ocorrer nos anos 1980, complementando o planejamento nacional de pesquisa agropecuária desde a criação da Embrapa em 1973”.
O crescimento da produtividade, segundo os autores, ocorreu após a estabilização econômica na década de 1990, impulsionado por oferta de crédito e programas governamentais. As políticas, segundo o estudo, foram mantidas, o que proporcionou o avanço do agronegócio.
Fonte: Valor Econômico