Ao longo das últimas três décadas, o Brasil aumentou a produção agrícola em 264% após introdução de tecnologias transgênicas no País. Em contrapartida, a expansão da área cresceu apenas 41%, destacou o professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado em Genômica de Plantas nos Estados Unidos Paulo Cavalcanti Gomes Ferreira.
Líder na adoção de Organismos Geneticamente Modificados (OGM), o estado do Mato Grosso reservou mais de 11.4 milhões de hectares para cultivo das tecnologias na safra 2014/15. Paraná (7.1 milhões de ha) e Rio Grande do Sul (5.9 milhões de ha) ocupam a segunda e terceira colocação no ranking nacional, respectivamente. Soja, milho e algodão são as principais culturas geneticamente modificadas cultivadas no País.
A importância da biotecnologia para agricultura brasileira foi um dos temas abordados por Ferreira durante workshop: “Transgênicos, como são desenvolvidos e regulamentados?”, promovido pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIUB), realizado nessa quarta-feira (30/09), em Porto Alegre.
Em entrevista exclusiva ao Portal Agrolink, Paulo Cavalcanti ressaltou que o quadro positivo da agricultura gaúcha é decorrente da utilização de culturas transgênicas, por exemplo. “No Rio Grande do Sul houve uma recuperação da agricultura, em grande parte, devido ao cultivo de transgênicos. Antes do uso, o cenário era composto por erosões devastadoras, mas com a introdução dos transgênicos com o plantio direto foi possível aumentar, em particular, o plantio de soja e recuperar áreas importantes do Estado”, avaliou.
Hoje, o mercado brasileiro dispõe de 45 produtos transgênicos voltados para agricultura: milho, algodão, soja, eucalipto e feijão. Porém, estudos avançados já indicam que nos próximos anos, o consumidor poderá optar pelo consumo de novos alimentos transgênicos como alface, arroz e salmão, adiantou Ferreira. “Estão produzindo transgênicos especiais como alface com ácido fólico (vitamina B9), para complementar alimentação de mulheres grávidas. Em breve no mercado também haverá um arroz dourado, rico em vitamina A, que poderá suprir a carência de pessoas que não comem cenoura ou tomate”, frisou.
Resistência aos transgênicos
Graduado em Agronomia pela UFRJ, Paulo Cavalcanti garantiu que o consumo de alimentos geneticamente modificados não causa prejuízos à saúde. Segundo especialista, há décadas o ser humano ingere alimentos transgênicos, sem que haja um estudo apontado danos à saúde. “Esta resistência tem certo cunho ideológico. Os transgênicos estão no mercado há 30 anos e eu tenho certeza de que não existe um artigo cientifico publicado mostrando que há risco para saúde humana”, garantiu.
O professor classifica como “sonho de consumo” a possibilidade de a população alimentar-se apenas de alimentos orgânicos. Porém, sustentou que plantio de orgânicos, em larga escala, é quase impossível de ser alcançado, uma vez, que a área de cultivo deveria ser consideravelmente expandida, elevando os custos de produção somada obrigação de alimentar nove bilhões de pessoas até 2050, conforme previsão da FAO.
Durante o workshop, outros palestrantes também abordaram o crescimento do consumo e cultivo de alimentos transgênicos e revelaram que até 70% dos alimentos ofertados nas gondolas dos mercados são derivados de grãos transgênicos como soja, milho e trigo, por exemplo.
Fonte: Agrolink