Por Mauro Zafalon
Em um período em que o trigo passa a ser um dos principais problemas na alimentação mundial, o Amis (Agricultural Market Information System), um monitor de acompanhamento do mercado de cereais da FAO, aponta para a primeira queda na produção de trigo nos últimos quatro anos.
Problemas na Ucrânia, Austrália, Marrocos e Índia deverão fazer a produção mundial recuar para 771 milhões de toneladas neste ano, 1% a menos do que no ano passado, informou o Amis.
Os preços elevados do produto vão segurar também o consumo mundial, que recua para 769 milhões de toneladas. A queda ocorrerá tanto na industrialização do cereal como na produção de ração.
Produções menores na Ucrânia, Argentina, Austrália e Índia, além de proibições de exportações por alguns países, vão fazer o comércio mundial recuar para 189 milhões de toneladas nesta safra.
O acompanhamento de preços do IGC (International Grains Council) indica que o trigo está com variação de 56% nos últimos 12 meses. Neste mesmo período, o milho subiu 13%; a soja, 14%; e o arroz caiu 6%.
Mapa da fome
A redução na oferta de alimentos e os altos preços fizeram com que aumentasse em muito o número da população em estágio de fome. No início do ano, eram 570.000. Agora, já são 750.000, segundo o Amis.
Dentre os 92 países monitorados, 23 deles já estão com alto risco de fome. A Guerra da Ucrânia piorou ainda mais a situação da população mundial.
Em 2019, 158 milhões de pessoas no mundo enfrentavam fome aguda. Com a pandemia e a guerra ucraniana, esse número poderá subir para 323 milhões.
Inflação
Os preços elevados têm puxado a inflação, cuja taxa anual já está acima de 15% em 40 países. A cada 1% de alta na taxa de inflação, dez milhões de pessoas passam para a pobreza extrema, mostra um estudo. Os números do Brasil indicam os elevados custos que o trigo tem trazido ao bolso dos consumidores.
Segundo dados divulgados pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) desta quinta-feira, o pãozinho já acumula uma alta de 22% nos últimos 12 meses. A farinha de trigo subiu 23%, interferindo nos custos dos derivados de trigo.
Fonte: Folha de S. Paulo
Equipe SNA