Com o maior volume de fécula de mandioca produzido desde 2003, de 645 mil toneladas, o Valor Bruto da Produção (VBP) de fécula atingiu recorde real da série do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada em 2014, de R$ 1,09 bilhão. O avanço da oferta nacional de raiz impulsionou o processamento da raiz, porém a comercialização não acompanhou esse crescimento, elevando os estoques, segundo levantamento do Cepea, da Escola de Agronegócio Luiz Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), em parceria com a Associação Brasileira de Produtores de Amido de Mandioca (Abam).
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, a oferta nacional de mandioca aumentou 7,5%, enquanto o processamento de fécula cresceu 36%. As indústrias de fécula receberam 2,3 milhões de toneladas de matéria-prima, 19,7% acima de 2013. O IBGE prevê novo aumento de produção, em 2015, para 24,2 milhões de toneladas, evolução de 5,1% comparada a 2014, considerando dados nacionais agregados.
Com base nas pesquisas de campo, os pesquisadores do Cepea preveem aumento expressivo na produção de fécula. Os números mostram que nos primeiros cinco meses de 2015 já foram processadas mais de 976 mil toneladas de mandioca, avanço de 2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A produção de fécula totalizou 264,8 mil toneladas, aumento de 3,9% na mesma análise.
Os preços da mandioca continuam em queda em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, cenário que deve persistir, pois ainda falta muita área para ser colhida. Além disso, há grande disponibilidade de mandioca de segundo ciclo em todas as regiões.
“Caso a demanda não acompanhe o aumento da oferta, os preços da fécula devem continuar em queda”, analisa Lucilio Alves, professor da Esalq/USP e pesquisador do Cepea.
Em contrapartida, ele acrescenta que essa situação pode ser fator de atratividade para os consumidores, pois o derivado da mandioca tende a ficar mais competitivo frente a outros amidos, em especial o de milho.
“Em razão do cenário (preços baixo e muita oferta), a rentabilidade dos agricultores está comprometida e o planejamento do plantio da safra 2015/2016 atrasado”, informa Alves.
Os pesquisadores do Cepea acreditam que os menores preços da raiz devem influenciar na redução da área a ser plantada em 2015, o que poderia afetar a disponibilidade de matéria-prima a partir de 2016.
“Se este fato se confirmar, pode haver sustentação ou oscilações expressivas de preços, o que é prejudicial ao setor de forma geral”, analisa o professor.
FESTA
Bastante cultivada por pequenos agricultores, a mandioca ocupa 2,3 milhões de hectares no Brasil. Base da alimentação e sustento de muitas famílias de agricultores do município mineiro de Almenara, no Vale Jequitinhonha, a cultura é tema da 14ª Festa da Mandioca, de 5 a 7 deste mês, iniciativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da cidade
A festa tem como objetivo divulgar e fortalecer a cultura da mandioca no município e entorno.
“A mandioca é uma das principais fontes de renda e ocupação de mão de obra, sendo muito cultivada pela resistência climática, já que a região é caracterizada pela estiagem e escassez de chuvas”, afirma a extensionista de bem-estar social da Emater-MG, Milene Oliveira Ângelo.
No município mineiro de Almenara, há dez agroindústrias coletivas de processamento de mandioca, que fabricam farinha e polvilho.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2015, Minas Gerais deverá produzir 225.801 toneladas de mandioca de mesa em uma área de 14.592 hectares. Já a mandioca indústria, usada na fabricação de farinha e polvilho, a previsão é 625.617 toneladas em 46.405 hectares. De acordo com estimativa do IBGE, neste ano, Almenara deverá produz 840 toneladas de mandioca de mesa, em 170 hectares, e 7.200 toneladas de mandioca do tipo industrial, em 750 hectares.
Por equipe SNA/SP