Produção de etanol do centro-sul mostra força com demanda; açúcar despenca

A produção de etanol no centro-sul do Brasil na segunda quinzena de agosto mostrou força, enquanto a de açúcar apresentou queda acentuada em relação a primeira metade do mês passado, à medida que usinas estão mudando o padrão no mix que privilegiava a fabricação do adoçante para cumprir contratos, indicou nesta terça-feira, 12/9, a associação que representa o setor.

Além dos preços do açúcar menos favoráveis para novas vendas, a demanda por etanol no mercado interno está crescente, impulsionando a produção diante de menor oferta do produto importado, dos ajustes no preço da gasolina e das alterações em tributos favoráveis ao combustível renovável, disse a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

A produção de etanol cresceu 3,1% em relação ao mesmo período do ano passado, para 1.77 bilhão de litros, em um ritmo maior do que a moagem de cana da principal região, que aumentou apenas 0,8%, para 38.9 milhões de toneladas, um volume que ficou abaixo do esperado por uma pesquisa da S&P Global Platts (41.95 milhões de toneladas).

A fabricação de açúcar, por sua vez, atingiu 2.5 milhões de toneladas, com recuo de 0,47% em relação à mesma quinzena de 2016. Houve queda de mais de 50% em relação à primeira quinzena de agosto, com redução de 46,95% no mix de cana para o adoçante, contra a média de 50,32% nas quatro quinzenas anteriores, segundo a Unica.

“Essa redução significativa no mix de produção para o açúcar retrata uma alteração no padrão de produção observado até o momento, o qual era influenciado, entre outros aspectos, pela necessidade de fabricação do produto para o atendimento dos contratos pré-estabelecidos”, indicou a Unica em nota.

Na comparação com a primeira quinzena de agosto, a moagem e a produção de etanol também recuaram (14% e 8,8%, respectivamente), com a safra já em ritmo menor na comparação com o pico registrado em quinzenas anteriores.

O centro-sul do Brasil já processou 381.5 milhões de toneladas de cana na temporada 2017/18, queda de 3,6% na comparação com o mesmo período da safra anterior. Ao todo, a Unica projeta a moagem na ciclo atual de 585 milhões de toneladas contra 607 milhões de toneladas no anterior.

Etanol em alta

O volume de etanol comercializado pelas produtoras do centro-sul atingiu 1.27 bilhão de litros na segunda quinzena de agosto, sendo 1.16 bilhão de litros no mercado doméstico, que registrou crescimento de 11,77% na comparação com a quantidade comercializada nos primeiros 15 dias de agosto, além de constituir o maior volume quinzenal vendido nos últimos 12 meses.

Do total comercializado no Brasil, 433.93 milhões de litros foram de etanol anidro (alta de 11,10% em relação a primeira quinzena de agosto) e 722.41 milhões de litros de hidratado, “um surpreendente crescimento de 12,17% ou 78.37 milhões de litros na comparação com o volume comercializado nos primeiros 15 dias do mês”.

“A mudança nas vendas de etanol se deve, entre outros fatores, à menor oferta do produto importado; aos ajustes no preço de realização da gasolina pura na refinaria; às alterações nos tributos sobre os combustíveis (Pis/Cofins); a uma provável recuperação no consumo global de combustíveis leves no país”, disse a Unica, citando ainda uma eventual antecipação na compra das distribuidoras.

No total de agosto, as vendas do biocombustível no centro-sul atingiram 2.39 bilhões de litros, dos quais 2.19 bilhões foram direcionados ao mercado interno. Desse volume comercializado domesticamente, 1.37 bilhão de litros foram de etanol hidratado – um aumento mensal de 23,05% em comparação ao volume vendido em julho de 2017.

 

Fonte: Reuters

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp