
Mesmo em ano de bienalidade negativa, a produção de café deve registrar um aumento de 2,70% na safra 2025 em relação ao volume colhido na temporada passada, sendo estimada em 55.7 milhões de sacas. Caso o volume estimado se confirme ao final do ciclo, este será o maior já registrado para um ano de baixa bienalidade, superando em 1,10% a produção de 2023.
Já a área total destinada à cafeicultura deverá registrar um aumento de 0,80%, chegando a 2.25 milhões de hectares. A área em produção deve registrar uma queda de 1,40%, estimada em 1.86 milhão de hectares, enquanto a área em formação tende a registrar um aumento de 12,30%, movimento esperado para anos de bienalidade negativa. Os dados estão no 2º Levantamento da Safra de Café 2025, divulgado nesta terça-feira (6) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O bom resultado estimado na safra total de café é influenciado, principalmente, pela recuperação de 28,30% nas produtividades médias das lavouras de Conilon. Com isso, a estimativa da produção para esta espécie é de 18.7 milhões de sacas, um novo recorde para a série histórica da Conab. Este resultado se deve, sobretudo, à regularidade climática durante as fases mais críticas das lavouras, que beneficiaram floradas positivas, e a boa quantidade de frutos por rosetas.
Apenas no Espírito Santo, maior produtor de Conilon do País, é estimada uma produção de 13.1 milhões de sacas, aumento justificado pelas boas precipitações registradas no norte do estado, região que responde por 69% da área da espécie no País. Na Bahia, a Conab também estima uma recuperação na colheita do Conilon de 28,20%, estimada em 2.5 milhões de sacas. Neste cenário, o estado baiano recupera a posição de 2º maior produtor da espécie, ultrapassando Rondônia onde a estimativa é de uma colheita de 2.28 milhões de sacas.
Já para o café Arábica, espécie mais afetada pela bienalidade, a Conab estima uma queda de 6,60% na colheita, com previsão de uma safra em torno de 37 milhões de sacas. Em Minas Gerais, estado com maior área destinada para a produção de Arábica, é estimada uma colheita de 25.65 milhões de sacas. Segundo o levantamento, além do reflexo já esperado pelo ciclo de bienalidade da planta, entre abril e setembro do ano passado foi registrado um longo período seco e as lavouras enfrentaram instabilidade, apresentando menor vigor vegetativo, influenciando na queda de potencial produtivo dos cafezais.
Em São Paulo, a produtividade média também foi impactada pelos efeitos fisiológicos de baixa bienalidade, acompanhados pelas condições climáticas adversas registradas nas regiões produtoras. Com isso é esperada uma queda de 3,80% no desempenho das lavouras. Por outro lado, a área destinada para a produção aumentou 5,30%, totalizando 196.000 hectares, o que compensa a perda estimada nas produtividades resultando em um aumento na produção de 1,30%, estimada em 5.5 milhões de sacas.
Mercado
Após o recorde de exportação de café em 2024, quando o Brasil exportou 50.5 milhões de sacas de 60 quilos, os embarques para o exterior registraram uma ligeira queda no 1º trimestre de 2025. No acumulado de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou 11.7 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa uma queda de 1% na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Essa redução nas exportações em volume já era esperada devido à restrição dos estoques internos nos meses iniciais de 2025, influenciados pela limitação da produção nos últimos anos e exportação elevada no ano anterior.
Mesmo com a queda no volume comercializado, a receita das exportações registrou um aumento no 1º trimestre de 2025, movimento favorecido pela alta dos preços do café neste início de ano. No acumulado de janeiro a março de 2025, o Brasil exportou US$ 4.1 bilhões, o que representa um aumento de 68,90% na comparação com o mesmo período de 2024.
As cotações do produto no mercado internacional devem continuar impulsionadas ao longo do ano, mesmo com a expectativa de aumento na produção mundial pelo USDA, visto que os estoques do grão seguem em níveis baixos possibilitando preços em patamares mais elevados.
Os números detalhados da produção brasileira de café e as análises de mercado do grão podem ser conferidos no Boletim completo do 2º Levantamento de Café – Safra 2025, publicado no site da Conab.
Fonte: Conab