Produção de banana do Vale do Ribeira está ameaçada

Uma das maiores áreas produtora de banana, o Vale do Ribeira, em São Paulo, com quase toda área de banana plantada em área de Preservação Permanente (APP) de rios, está com sua continuidade ameaçada. Foto: divulgação

Região brasileira com uma das maiores áreas produtora de banana (praticamente o único produto de relevância comercial e gerador de empregos) o Vale do Ribeira, em São Paulo, com quase toda área de banana plantada em área de Preservação Permanente (APP) de rios, está com sua continuidade ameaçada.

A legislação do novo código florestal está pressionando os produtores a se adequarem, mas eles não têm outra alternativa agrícola na região, que tem mais de 50% da área ocupada com florestas nativas que não podem ser removidas.

“Ou seja, na margem dos rios (onde se proíbe o cultivo), existe agricultura e nas porções onde poderia existir agricultura há muita área florestal nativa entremeada por pastagens, ambas em grande parte em terreno declivoso”, explica o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite Carlos César Ronquim.

O Vale do Ribeira de Iguape, em sua porção paulista, tem a banana como um dos principais recursos produtivos econômicos. Para determinar a ocupação dessa cultura entre 1987 e 2017, um estudo avaliou a dinâmica de uso e ocupação da terra no município de Registro (SP), grande polo produtor de banana. “Os resultados mostraram que as áreas com essa cultura passaram de 5.568 hectare, o equivalente a 7,7% da área do município, para 7.556 hectares ou 10,7% da área do município”, relata o pesquisador da Embrapa.

Segundo Ronquim, os plantios ainda se concentram principalmente nas margens do Rio Ribeira de Iguape. Entretanto, o mapeamento de 2017 mostra que novos plantios ocupam áreas mais declivosas distantes das APPs. “Novos cultivos surgiram principalmente em área anteriormente ocupada por pastagens”, diz ele.

COMPETIÇÃO POR ÁREA

Segundo o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, Carlos César Ronquim, o Vale do Ribeira de Iguape, em sua porção paulista, tem a banana como um dos principais recursos produtivos econômicos. Foto; divulgação

De acordo com o pesquisador, como em outras regiões paulistas, a pecuária tem cedido área e enfrenta problemas com a rentabilidade da produção para competir com outras regiões brasileiras mais aptas à produção. “Ao mesmo tempo, as pastagens, voltadas para a produção de carne e leite, regrediram nesses 30 anos, porém, ainda representam a maior cobertura agropecuária, com 23 mil hectares ou 32% da área do município”, conta o pesquisador.

Ronquim informa ainda que os plantios de chá, implantados durante a colonização japonesa, também estão regredindo. “Entretanto, o cultivo da pupunha está aumentando rapidamente (inclusive com a instalação de muitas agroindústrias para a comercialização do palmito) por todo o Vale do Ribeira ocupando áreas de pastagens, pois há pouca disponibilidade de terras, já que a região possui muitas áreas com vegetação florestal nativa protegidas por lei”, comenta.

RETORNO ECONÔMICO

A cidade de Registro (SP), assim como todo o Vale do Ribeira de Iguape, caracteriza-se por uma extensa área de florestas de mata Atlântica. Conforme o pesquisador, as áreas de mata nativa apresentaram leve crescimento e ainda representam mais de 50% da área total do município e, com isso, podem se tornar rentáveis economicamente por meio de políticas que favoreçam e incentivem o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e vendas de áreas permutáveis de Reserva Legal.

“A presença florestal nativa nas propriedades rurais do Vale do Ribeira poderia ser comercializada como compensação de áreas de Reserva Legal em outras porções do Estado de São Paulo e, assim, contribuir financeiramente para o produtor rural”, observa.

Por Equipe SNA/SP

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