Apesar da geada que afetou os pomares no Rio Grande do Sul, o que pode reduzir a oferta de azeitonas, a produção de azeite de oliva no Brasil deve chegar a 150.000 litros em 2018, incremento de 42,8% em relação aos 105.000 litros produzidos no ano passado no País.
Segundo o Presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Eudes Marchetti, o aumento da produção de azeite será possível devido ao incremento da safra de azeitonas esperado para os estados de Minas Gerais e de São Paulo. “Nesses estados, a floração foi muito boa e a safra tende a ser positiva”, disse. A colheita terá início em meados de fevereiro e se estenderá até o mês de abril.
O Rio Grande do Sul deve produzir entre 50.000 e 55.000 litros de azeite de oliva, em relação aos 55.000 litros produzidos no ano de 2017, o que exigirá a colheita de 400.000 a 450.000 quilos de azeitona. “As geadas registradas foram muito fortes, o que causou um abortamento muito grande da fruta”, disse Marchetti.
Ele ainda salientou que, embora o número de pomares no estágio adulto tenha crescido, ainda representa apenas 40% de um total estimado em 6.000 hectares cultivados no País. Os outros 60% são considerados novos, com menos de seis anos. A oliveira começa a produzir no quarto ano de existência, entretanto, passa a produzir em sua capacidade máxima apenas após oito anos.
“Espero que em no máximo cinco anos tenhamos uma produção mais estável e com material genético mais adequado às nossas necessidades”, estimou Marchetti.
Importação
Embora a produção brasileira esteja aumentando, ainda representa menos de 2% do consumo nacional, que é de 100.000 toneladas. O Brasil é o segundo maior importador do mundo e deve trazer em 2017/2018, 60.000 toneladas do produto. O azeite chega ao País custando em torno de R$ 40,00 a R$ 60,00 por litro, enquanto o brasileiro é vendido entre R$ 60,00 e R$ 100,00, no caso dos extra-virgens.
No mês passado, o Ibraoliva enviou ofício ao Ministério da Agricultura (MAPA) pedindo a proibição da importação de azeite de oliva a granel. A medida visa restringir a venda de produtos que tenham mistura de outros ingredientes.
O pedido foi feito após a divulgação pelo Ministério da Agricultura de uma lista de 64 marcas de 84 empresas que foram reprovadas em testes, no final de novembro, que apontaram indícios de fraude nos produtos. Na ocasião, 800.000 litros de azeite de oliva impróprios para consumo foram retirados do mercado.
“Queremos que seja permitida a entrada de, no máximo, latas de 5 litros, o que inibe a venda de produtos com irregularidades”, disse o Presidente da entidade.
Ele explicou que a maior parte do produto apontado como irregular é classificada como azeite lampante, que é extraído de azeitonas deterioradas ou fermentadas, têm acidez superior a 2% e, em alguns casos, chega a ser vendido com óleo de soja. Entre março e novembro de 2017, foram importados 130.000 litros do produto pelo País.
A Ibraoliva afirmou não ter recebido retorno do Mapa quanto ao pedido e deve voltar a cobrar uma resposta ainda em janeiro. “Essa questão é séria, pois produtos de baixa qualidade estão sendo consumidor no País.”
A Coordenadora Geral de Qualidade Vegetal do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do MAPA, Fátima Parizzi, acredita, porém, que uma eventual restrição à importação de azeite a granel poderia ser questionada na Organização Mundial do Comércio (OMC). “A importação está prevista em lei e criar uma barreira pode gerar retaliações.” Ela afirma que a irregularidade tem sido verificada no processo de envase do produto no Brasil e não no exterior. “Desde fevereiro do ano passado, a fiscalização foi intensificada e o produto só é liberado após o fornecimento de dados sobre onde será refinado, o que diminuiu a importação”, disse.
Segundo ela, 40% do azeite fiscalizado no Brasil estava em conformidade em 2016 e 2017. “Nossa meta é que, em dois anos, possamos chegar a 90%.”
Fonte: DCI – Diário do Comércio & Indústria