Alguns problemas internos e externos estão afetando a demanda de soja brasileira e, consequentemente, os preços do grão e também dos derivados. Segundo o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, os fatores vão desde as vendas de farelo até a possível retomada de negociações entre a China e os Estados Unidos.
“Com dólar em alta de 0,87% e Chicago em queda de 1,21%, as cotações da soja continuaram ao redor de R$ 89,00 para pagamento no final de agosto; R$ 90,00 no final de setembro e R$92,40 no final de outubro, nos portos. No mercado interno, as vendas de farelo estão sofrendo junto com os setores de produção de proteína animal, especialmente a suinocultura”, disse Pacheco.
Nesse cenário, o analista Matheus Gomes Pereira, da ARC Mercosul, afirmou que o mercado está observando essa retomada das negociações entre as duas maiores potências do mundo. Segundo ele, “agora que deu uma arrefecida no conflito comercial, há peças sendo movidas para reabertura das negociações”.
“Apesar da queda das condições das lavouras se justificar, porque os EUA passaram por um período de 10 a 15 dias de temperaturas altas e chuvas escassas em algumas regiões, ainda assim a safra se desenvolve muito bem. Os indicativos do nosso tour de safra técnico já eram de safra recorde, com produção acima do ano passado, provavelmente entre 125 milhões e 128 milhões de toneladas”, disse Pereira.
Outro fator que está influenciando diretamente nessa situação de mercado são os embargos e as suspensões que países membros da União Europeia estão impondo sobre a carne de frango do Brasil. “Nesta quarta-feira, mais alguns países recusaram embarques de carne de frango brasileiro, sob a alegação de salmonela. Tudo isto afeta a demanda interna da soja que, assim, se vê mais voltada para a exportação”, disse Pacheco.
Milho: tendência é de que spread continue grande
A tendência do mercado do milho na safra 2018/2019 é de que o spread entre vendedores e compradores ainda continue com valor consideravelmente grande. A informação foi divulgada pelo analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, que disse que a proposta de compra atualmente é de R$ 35,00/saca de milho úmido, para entrega em armazém em Ponta Grossa.
Segundo Gilmar Meneghetti, da Meneghetti Corretora de Cereais, o preço ainda está distante dos R$ 40,00 desejados pelos vendedores. Segundo ele, as negociações entre ambos não têm fluido e, por isso os preços não tem agradado. “A negociação está bem travada, não têm rodado volumes. Os vendedores vão esperar, acreditando que a área de milho vai diminuir e considerando o maior custo de produção, por causa dos fertilizantes”.
De acordo com Pacheco, da T&F, os preços subiram também em Campo Verde (MT) para R$ 26,00/saca. No entanto, não o suficiente para animar os vendedores. “Produtores, contudo, querem R$ 28,00/saca FOB para comercializar com estes prazos, R$ 29,00 para embarque em outubro e pagamento em 14 de novembro e R$ 30,00 para retirada em novembro e pagamento em meados de dezembro”.
Meneghetti disse que cerca de 150.000 toneladas foram adquiridas no médio-norte de Mato Grosso por R$ 22,00 a R$ 23,50/saca FOB, para serem retiradas em setembro e pagas em outubro. Assim como outras 100.000 toneladas, aproximadamente, foram comercializadas por R$ 26,00/saca na região de Querência, nos mesmos prazos.
“Como a maior parte do milho (da safrinha 2018) foi vendido, a tendência é haver mais comprador do que vendedor agora. Também temos visto consumidores do mercado interno atuando mais forte aqui na região, inclusive frigoríficos de Santa Catarina”, afirmou o corretor.
Fonte: Agrolink