Previsão do tempo muda e derruba a soja em Chicago

Os contratos futuros da soja fecharam em forte queda na CBOT, após a divulgação de novas previsões do tempo, com os principais vencimentos registrando baixas de 39,50 a 43 centavos.

O vencimento novembro/16, que chegou a ser negociado no limite de baixa, fechou cotado a US$ 10,62 ¼ em queda de 3,89% (43 centavos).

Segundo o consultor Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, “o mercado vai continuar assim até que haja uma definição da nova safra norte-americana”. E o momento é o auge do mercado climático, com as previsões sendo atualizadas mais de uma vez ao longo do dia, mantendo uma alta volatilidade para os futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago.

As últimas previsões divulgadas no meio do pregão indicaram que as chuvas devem aumentar e que a onda de calor não deve se prolongar.

“O mercado subiu muito nas duas sessões anteriores e ao menor de sinal de mudança nas previsões, rapidamente procura liquidar posições, o que é um padrão típico de mercado climático. Vamos ter muita oscilação pela frente. Os preços estão altamente sensíveis aos boletins climáticos”, disse Camilo Motter.

La Niña

O NOAA atualizou hoje as suas previsões para o La Niña, indicando uma probabilidade de 55% a 60% de que o fenômeno ocorra entre agosto e outubro. Em junho, esse percentual era de 75%.

O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos compartilha da previsão do NOAA, porém, acredita que, apesar de alguma quebra que a safra nova safra norte americana possa vir a registrar, ela deverá ser limitada.

Demanda

Foram divulgados hoje pelo USDA, os números das vendas semanais para exportação dos EUA. E mesmo com o volume vindo dentro das expectativas do mercado, a informação foi insuficiente para limitar as quedas em Chicago.

Preços no Brasil

No Brasil, o descolamento do mercado no interior do Brasil de Chicago ou mesmo dos preços da soja nos portos foi bastante evidente. Mesmo com a forte queda dos contratos futuros na CBOT e de um novo dia de queda do dólar, as principais praças de comercialização terminaram o dia com a saca da soja em alta de 1,29% a 5,65%. Assim, mais uma vez, a saca começa a voltar para o patamar dos R$ 80,00.

Nos terminais de exportação, a saca recuou. Em Paranaguá, a saca da soja disponível fechou cotada a R$ 90,00, após testar os R$ 92,00 ao longo do dia, em baixa de 2,17%. No mercado futuro a queda foi de 1,16%, com a saca cotada a R$ 85,00. Em Rio Grande, as perdas foram de 3,70% e 3,45%, com a saca cotada a R$ 86,00 e R$ 84,00, respectivamente.

A baixa disponibilidade da oferta no Brasil e a postura retraída dos vendedores ainda são importantes suportes para os preços da oleaginosa e, portanto, a tendência, segundo os analistas, é de que essas altas no interior do Brasil possam continuar, na medida em que o pouco de produto disponível se torne mais disputado.

Após altas recentes, milho recua e fecha em baixa em Chicago

Após dois dias de alta, os contratos futuros do milho negociados na CBOT encerraram o pregão em baixa. Ao longo da sessão, os principais vencimentos reduziram os ganhos e fecharam o dia registrando quedas de 3,50 a 5 centavos. O vencimento setembro/16 fechou cotado a US$ 3,57 ¾ e o dezembro/16 fechou a US$ 3,64 ¾ o bushel.

No caso do milho, as preocupações com o tempo são maiores, uma vez que as lavouras estão na fase crítica de desenvolvimento, a polinização.

“Apesar das temperaturas mais altas, em muitas regiões há umidade no solo. Acredito que ainda teremos uma boa safra de milho nos Estados Unidos”, disse o consultor.

Mercado interno

Na BM&F, os contratos futuros do milho registraram um fechamento misto. Os principais vencimentos acumularam altas de 0,25% a 1,20%. O julho/16 fechou o dia cotado a R$ 43,04/saca e o setembro/16, referência para a safrinha, fechou cotado a R$ 45,49/saca. Apenas os vencimentos março/17 e maio/17 registraram leves quedas e encerraram a sessão cotados a R$ 45,90 e R$ 43,50, respectivamente.

No Porto de Paranaguá, a saca para entrega setembro/16 permaneceu estável a R$ 35,00.

Já em Sorriso (MT), a alta foi de 7,14%, com a saca cotada a R$ 30,00. Já em Tangará da Serra e em Campo Novo do Parecis, também em MT, a alta foi de 3,45%, com a saca cotada a R$ 30,00.

Na região de São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 3,03%, com a saca cotada a R$ 34,00. Em Avaré (SP), a alta foi 0,78% e a saca finalizou o dia cotada a R$ 37,41.

O mercado ainda acompanha as informações vindas dos campos, com o avanço da colheita da segunda safra. No Mato Grosso, o maior estado produtor do cereal na safrinha, a colheita já supera os 37%, porém, em muitas regiões os produtores têm relatado que o rendimento das lavouras está abaixo do esperado. Sem contar que com o clima seco, muitas plantações já pegaram fogo no estado, o que eleva os prejuízos aos agricultores nessa temporada.

Já no Paraná, 42% a área semeada nesta safra já foi colhida até o momento, segundo dados divulgados pelo DERAL (Departamento de Economia Rural). No entanto, novas perdas foram registradas essa semana, já que algumas regiões, como Toledo, foram atingidas por um temporal. Com isso, muitas plantações que estavam prontas para serem colhidas acamaram.

“A colheita está andando e os relatos informam que a produtividade está abaixo da esperada. Com isso, a janela para comprar milho barato está passando e as empresas consumidoras precisam se posicionar. Acredito que nos próximos 10 a 20 dias, os preços devem voltar para o patamar de R$ 50,00 a saca na região de Campinas/SP. Ainda assim, o período crítico deverá ser observado no primeiro trimestre de 2017”, disse Fernandes.

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