“A agricultura só existe porque usamos tecnologia no Brasil, adotamos procedimentos fantásticos em nossas propriedades, temos uma condição social razoável, uma evolução positiva das condições de trabalho no campo e empresários mais jovens se interessando pelo agronegócio.” A descrição otimista para o cenário agrícola do país é do presidente da Sociedade Rural Brasileira (SBR), Cesário Ramalho da Silva. Ele ministrou palestra durante o painel “Ciência, Tecnologia e Inovação – Educação – Política e Integração”, do 14º Congresso de Agribusiness, promovido pela Sociedade Nacional da Agricultura, nos dias 7 e 8 de novembro, no Rio de Janeiro.
Ramalho também comentou sobre as questões indígenas que têm causado conflitos em certas localidades brasileiras, a exemplo do problema vivenciado recentemente na região da usina hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, cujo canteiro de obras já foi invadido por índios em diversas ocasiões. “O indígena é vítima de todo um processo histórico e econômico no Brasil. Porém o que ele quer é comprar o trator que eu uso, plantar o que eu planto e tem direito a isso”, declarou. Na opinião do presidente, produtores da agricultura familiar são os que mais têm sofrido com estes impasses. “No Rio Grande do Sul, há famílias que estão sendo expulsas de propriedades de dez hectares e estão vivendo debaixo de ponte em Porto Alegre”, relatou.
O presidente da SBR também criticou o fato de o novo Código Florestal brasileiro não ter sido colocado ainda em prática: “Faz um ano e meio que o Código foi implantado e até agora não realizou o CAR (Cadastro Ambiental Rural)”. Ele admitiu ser a favor da nova lei, mas desde que o documento tivesse um código para cada bioma brasileiro – sete no total: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Manguezal, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
POLÍTICA
Ramalho endureceu seu discurso ao afirmar que “não temos um Ministério da Agricultura que sirva para o agricultor gritar por socorro”. Vários palestrantes que participaram do 14º Congresso de Agribusiness da SNA fizeram comentários semelhantes, ao dizerem que o órgão virou um campo de negociação política entre partidos da base aliada do governo Dilma Roussef. “O Ministério da Agricultura foi tomado de assalto por governistas”, criticou Ramalho, citando diversos nomes de profissionais técnicos demitidos recentemente do órgão, em Brasília (DF).
O presidente da SBR finalizou sua participação ao abordar os problemas de logística e infraestrutura do país. “Nós temos perdido vendas, mas quem sofre é o consumidor final, que poderia pagar 10% a menos por um produto agrícola na prateleira”, continua. E, mesmo com todo o cenário ainda em transformação do agronegócio brasileiro, Ramalho mostrou-se otimista: “Vamos vencer os desafios e a agricultura vai manter este extraordinário desenvolvimento”.
Por equipe SNA/RJ