O Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-Embrapa assumiu ontem (25) , na Noruega, como um dos seis novos membros do conselho executivo do Fundo Global da Diversidade Agrícola (Global Crop Diversity Trust) . Em sua fala, Mauricio disse que “a conservação de recursos genéticos de nossas culturas é fundamental para garantir o lançamento constante de novas variedades capazes de suportar os múltiplos desafios que a produção global de alimentos enfrenta: mudanças graduais de temperatura e precipitação, pragas, doenças e até mesmo desastres naturais. Ele acrescentou ainda que “considerando esta realidade, o Brasil, por meio da Embrapa, foi um dos primeiros apoiadores do Fundo Global da Diversidade Agrícola, criado para garantir o financiamento permanente dos bancos internacionais de sementes do CGIAR entre outros. Estas instituições são fundamentais para garantir a disponibilidade permanente de diversidade de culturas para o nosso desenvolvimento sustentável”.
Os novos membros, que foram eleitos pelo corpo diretivo do Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura e pelo conselho do doador do Fundo Global da Diversidade Agrícola, incluem Lewis Coleman (EUA), o presidente e diretor financeiro da DreamWorks Animation; Sir Peter Crane (Reino Unido), reitor da Escola de Ciências Florestais e Estudos Ambientais da Universidade Yale e ex-diretor do Royal Botanic Gardens, Kew 1999-2006; Prof. Gebisa Ejeta (Etiópia), vencedor do Prêmio Mundial da Alimentação; Dr. Prem Lal Gautam (Índia), ex-presidente da Autoridade de Proteção de Cultivares e Direitos dos Agricultores para o Ministério da Agricultura na Índia; Dr. Maurício Antônio Lopes (Brasil), presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa; e Dr. Mary Ann P. Sayoc (Filipinas), o gerente geral da East-West Seed Company, Inc. e presidente da Associação da Indústria de Sementes Filipina.
Desafio comum
Durante a próxima década, a população mundial deverá aumentar em cerca de um bilhão, podendo chegar a 8 bilhões de pessoas. Em 2050, poderá passar de 9 bilhões. Estimativas sugerem um aumento na demanda global de alimentos em relação ao mesmo período de pelo menos 50 por cento.
“Conservar e tornar a diversidade de culturas disponíveis gera opções. Uma dessas opções pode salvar o futuro da agricultura e o futuro dos alimentos que comemos”, disse Marie Haga, diretor-executivo do Fundo Global de Diversidade Agrícola. “É por isso que a conservação da diversidade de culturas tem sido discutida como uma possível parte dos próximos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.”
“Nosso desafio comum é produzir mais – e alimentos mais nutritivos – e fazê-lo usando menos terra, menos água e menos energia, e em um clima cada vez mais imprevisível e desafiador”, acrescentou Haga. “Uma diversidade maior de culturas, armazenados em bancos de germoplasma e disponível a todos por meio de um sistema eficiente de conservação global, é necessária para garantir o abastecimento de alimentos no futuro a preços estáveis e acessíveis.”
Disponibilidade de alimentos
Em seus primeiros dez anos, o Fundo Global da Diversidade Agrícola regenerou e resgatou cerca de 80.000 variedades de culturas, financiou 75 por cento dos depósitos armazenados com segurança no Silo Global de Sementes de Svalbard, lançou um projeto de 10 anos financiado pelo governo norueguês para coletar, conservar e disponibilizar os parentes silvestres de plantas cultivadas em nossos campos de hoje e levantou 170 milhões para o seu fundo de doações visando fornecer um apoio financeiro interminável às coleções de culturas internacionais mais diversas e que são usadas no mundo inteiro.
Os novos membros se juntam a um conselho executivo constituído por indivíduos excepcionais: Presidente Embaixador Walter Fust (Suíça), Vice-Presidente Embaixador Emérito Tim Fischer (Austrália), Professor Klaus Töpfer (Alemanha) e Dr. Ren Wang (Organização para a Alimentação e Agricultura das Organização das Nações Unidas).
Todos os membros do conselho executivo são ativos no apoio ao Fundo Global da Diversidade Agrícola no cumprimento de sua missão e ,em particular, em atingir o seu objetivo no que concerne o fundo de doação. Eles desempenham um papel fundamental na construção de consciência nos mais altos níveis da importância de assegurar a conservação e disponibilidade de diversidade global de culturas para sempre.
Nova remessa de sementes
No dia 11 de fevereiro deste ano, a Embrapa enviou 514 acessos de feijão (Phaseolus vulgaris), para o Banco Global de Sementes de Svalbard, situado na cidade de Longyearbyen, Noruega. Acessos são amostras de sementes representativas de diferentes populações de uma mesma espécie. A iniciativa é decorrente do acordo assinado entre a Embrapa e o Real Ministério de Agricultura e Alimentação da Noruega, em 2008, e as sementes enviadas compõem Coleção Nuclear de Feijão da Embrapa, que, em setembro de 2012, já havia enviado ao banco nórdico 264 acessos de milho e 541 acessos de arroz.
A conservação das espécies vegetais de importância alimentar é uma preocupação da Embrapa desde a sua criação em 1973. Prova disso é que a Empresa possui hoje o maior banco genético vegetal do Brasil e da América Latina, com mais de 120 mil amostras de sementes de cerca de 670 espécies agrícolas de importância socioeconômica conservadas a 20ºC abaixo de zero na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. O envio de amostras para Svalbard é mais uma garantia de segurança, já que o banco nórdico é o mais seguro do mundo em termos físicos e ambientais. Além de estar situado dentro de uma montanha na cidade de Longyearbyen foi construído com total segurança para resistir a catástrofes climáticas (enchentes terremotos, aquecimento gradual, etc.) e até mesmo a uma explosão nuclear.