Presidente da CNA declara apoio irrestrito a Maggi

Apesar das denúncias de corrupção contra Blairo Maggi, João Martins, que foi eleito na terça-feira presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que representa, sobretudo, o agronegócio empresarial no País, declarou ontem apoio irrestrito ao ministro da Agricultura.

Eleito com os votos das 27 federações de agricultura e pecuária filiadas à CNA, Martins disse ao Valor que não acredita que Maggi deixará o governo. Para ele, o ministro tem feito um trabalho “inquestionável” à frente da Pasta, sobretudo no que tange à abertura de novos mercados para produtos do setor e à modernização da máquina do ministério.

Alvo de buscas e apreensão da Polícia Federal em seu apartamento em Brasília na quinta-feira passada, Maggi responde a um inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da Procuradoria Geral da República, que investiga supostos pagamentos de propina delatados por Silval Barbosa, ex-governador de Mato grosso. O Ministro relator do caso no STF, Luiz Fux, chegou a declarar que a delação de Barbosa contém “veementes indícios” de práticas de crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa pelo Ministro da Agricultura.

“Até agora, nada do que foi denunciado foi provado e nada que está em curso tem atrapalhado o ministério ou o ministro”, disse Martins. Outras entidades ligadas ao setor, como Aprosoja (que representa produtores de grãos) e Abrapa (produtores de algodão), também já defenderam Maggi publicamente. Sob a alegação de que sua esposa passaria por uma cirurgia, o ministro não foi ontem a uma audiência na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara sobre medidas adotadas após a Operação Carne Fraca, deflagrada pela PF em 17 de março com foco em casos de corrupção entre fiscais agropecuários e funcionários de frigoríficos.

Desde a ação de busca e apreensão, o ministro tem evitado aparições públicas. Funcionários do ministério afirmam que Maggi tem adotado postura discreta e evitado viagens. Mas Martins informou ontem que o ministro deverá viajar ao Peru na segunda-feira para defender a abertura daquele mercado para as exportações brasileiras de frutas.

Na entrevista ao Valor, o baiano João Martins, que antes de ser eleito ocupava a presidência da CNA de forma interina, também defendeu a expansão para o campo das fontes de financiamento alternativas ao crédito rural com juros subsidiados, que em sua opinião está “exaurido”. E avaliou que, em um cenário de taxa básica de juros (Selic) em queda ainda mais acentuada, os bancos privados terão espaço para serem mais eficientes que o Banco do Brasil, líder no segmento com fatia de 60%.

“Os bancos particulares mostraram que vão entrar pesadamente no financiamento do Plano Safra. Quando o juro cair para 6,5%, 6% ao ano, eles serão muito mais eficientes que o BB”. O presidente da CNA disse que a entidade vem participando dos estudos para difundir o uso de títulos como LCA, CRA, CDCA como opções de financiamento.

 

Fonte: Valor

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