“Prêmios da soja estão subvalorizados e vão voltar a subir”, afirma analista

“Os prêmios da soja para exportação estão subvalorizados”, disse o diretor da Pátria Agronegócios, Matheus Pereira. O analista explicou que, embora o cenário para o mercado internacional e os preços em dólares sejam bastante favoráveis, a força dos prêmios também será determinante para a continuidade e a garantia dos preços altos da oleaginosa brasileira.

Os valores, afinal, seguem positivos, mesmo com a colheita ganhando ritmo, as cotações em Chicago acima dos US$ 14,00 e o dólar também alto. “E nós, aqui na Pátria, acreditamos que há espaço para mais altas, não só nos prêmios, mas também dos preços em Chicago e do dólar”, afirmou Pereira.

Hoje, o prêmio para o embarque em fevereiro está a cerca de US$ 0,64 o bushel sobre a cotação da CBOT, na pedida do comprador. “Mas podemos ver estes prêmios voltando a atuar entre US$ 0,80 e até US$ 1,00 acima de Chicago, principalmente quando os compradores chineses voltarem mais agressivamente aqui para o Brasil”, observou o analista.

Sem racionamento

A China ainda compra muita soja norte-americana. Na última semana foram mais de 1 milhão de toneladas, o que é mais um sinal, além da força de seu consumo, de que os atuais preços ainda não exercem o poder de racionamento da demanda, como vem sendo sinalizado por especialistas. “E há essa máxima no mercado de que, em momentos como estes, o remédio para preços altos são preços ainda mais altos”, afirma Pereira.

Ele destaca ainda que os prêmios também não têm espaço para quedas no Brasil diante da pequena oferta exportável que deverá se mostrar disponível ao mercado na medida em que a colheita for avançando no Brasil. Já são quase 65% da nova safra comprometida com a exportação, o que deverá, como já aconteceu em 2020, alimentar uma disputa severa entre a indústria processadora nacional e as exportações do restante ainda a ser comercializado.

E o mercado já monitora também o comportamento da China após o maior feriado do país. O Ano Novo Lunar é comemorado em 12 de fevereiro, “e depois disso, os chineses tendem a ser compradores muito agressivos”, disse o analista.

Macro ciclo de altas

Ainda segundo Pereira, as novas altas em Chicago são esperadas também pelas commodities, especialmente as agrícolas, por estarem em um “macro ciclo de altas”, o que deverá resultar em preços elevados por pelo menos entre três e cinco anos.

“Estamos em um momento em que a demanda superou a oferta. E esse é o período necessário para que a haja, novamente, um equilíbrio entre produçã0 e consumo, e três anos de clima bom na América do Sul, Brasil, Argentina e Paraguai, e Estados Unidos, afirmou o consultor.

Mais do que isso, a Pátria Agronegócios, ao lado de outras consultorias, já vinha sinalizando um déficit atual de ao menos dez milhões de toneladas na oferta global de soja em relação a atual demanda. E afirma que para que haja, portanto, uma equalização desta relação, o crescimento da demanda também deve ser equilibrado, ou o momento pode durar ainda mais tempo.

Nova safra dos EUA

Depois de concluída a safra da América do Sul, o mercado volta todos os seus olhos para a nova safra dos Estados Unidos.

Nesse caso, “haverá uma intensa disputa por área e nenhum espaço para condições adversas de clima, considerando os já baixos estoques globais de grãos, com os EUA contabilizando a menor relação estoque versus consumo dos últimos anos, e a demanda que permanece crescente”, informou o consultor Steve Cachia, da Cerealpar e da TradeHelp, em entrevista ao Notícias Agrícolas.

Segurança alimentar

O especialista acredita que “o fator demanda não vai deixar o mercado respirar e vai ajudá-lo a se manter firme”. Segundo Cachia,”corremos um grande risco de ter um déficit de alimentos. No momento ainda não, mas o que há agora é uma má distribuição de matéria-prima e alimentos. Estamos chegando próximos à temporada dos EUA, e se o clima por lá não ajudar, podemos entrar em uma drástica crise de segurança alimentar, bastante preocupante”.

O analista disse ainda que em alguns países há muitas preocupações com os pós-efeitos da Covid e com a segurança alimentar interna. “Começaram a colocar algumas restrições em suas exportações, querendo estoques estratégicos que não víamos há décadas, mas a demanda de um modo geral acabou fazendo que com a gente subestimasse os estoques que tínhamos, ou seja, os estoques que pareciam abundantes, de repente não eram”, disse Cachia.

 

Notícias Agrícolas

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