Preços externos caem, mas volume garante saldo ao agronegócio

As receitas com as exportações já superam US$ 125 bilhões neste ano – Imagem de Javier Garcia por Pixabay

O agronegócio caminha para registrar mais um recorde nas exportações. A redução na queda dos preços médios do setor no mercado externo está sendo compensada pelo aumento do volume exportado.

As receitas com as exportações já superam US$ 125 bilhões neste ano, e, no ritmo atual, deverão ficar acima dos US$ 159 bilhões de 2022. Este será o quinto ano em que as vendas externas do agronegócio registram receitas superiores a US$ 100 bilhões.

Ao mesmo tempo em que as exportações aumentam, os gastos com as importações têm forte queda. Entre os destaques, estão as importações de defensivos agrícolas, com queda de 32% no volume de compras externas neste ano.

A soja, o principal item na pauta de exportação do País, mantém o setor aquecido. O preço médio obtido no exterior pela oleaginosa está em queda de 11% neste ano, mas o volume exportado já totalizou 87.3 milhões de toneladas até o mês passado, 24% a mais do que no mesmo período de 2022.

Com o aumento do volume das exportações, as receitas do complexo soja (grão, farelo e óleo) deverão registrar um recorde de US$ 67 bilhões neste ano, acima do então maior volume financeiro de US$ 61 bilhões de 2022.

Maiores produção e esmagamento interno de soja vão permitir exportações de 99 milhões de toneladas do grão e 22 milhões de toneladas do farelo de soja neste ano, segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).

Em alguns setores, como o das carnes, a queda de preços foi tão intensa que afetou o desempenho da Balança Comercial. Em abril de 2022, o Brasil exportava a tonelada de carne bovina por US$ 6.961,00. No mês passado, os preços estavam a US$ 4.537,00.

Apesar da queda dos preços, o volume exportado volta a atingir patamar elevado. Em setembro foram 195.000 toneladas de carne “in natura”, um volume próximo ao do recorde de 203.000 toneladas de agosto do ano passado, segundo o CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

A Balança do agronegócio se mantém sustentada também pelo bom desempenho do açúcar. Ofertas menores de grandes produtores, como Índia e Tailândia, impulsionaram os preços externos. Neste ano, o volume exportado pelo Brasil aumentou 13%, mas as receitas subiram 43%.

O milho, com a entrada da China no mercado brasileiro, também registra um bom desempenho. A produção brasileira foi recorde, e o País voltou a superar as exportações dos Estados Unidos na safra 2022/23. No período 2023/24, os brasileiros terão bom volume de produção, mas os americanos retornam para níveis recordes.

O café, produto que o País é líder mundial em exportações, perde força. A queda de 8% nos preços médios, devido ao aumento dos estoques mundiais, reduziu as receitas.

Ao contrário das carnes bovina e de aves, a suína registra uma valorização de 7%, o que resulta em um aumento de 17% nas receitas deste ano.

O arroz também sobe no mercado externo, e registra valorização de 22%. Os preços mais competitivos lá fora incentivam as exportações brasileiras.

Após um 2022 de muitos gastos com importações, a Balança Comercial do agronegócio tem um alívio com as compras externas. De janeiro a setembro, o país importou um volume 6% menor de fertilizantes do que no mesmo período de 2022. A queda dos preços internacionais permitiu uma redução de 52% nos gastos.

O mesmo ocorre com os defensivos, que têm queda de 32% tanto no volume como nos gastos neste ano. As compras acumuladas, que totalizaram 524.000 toneladas de janeiro a setembro do ano passado, recuaram para 359.000 toneladas.

Leite e derivados, porém, são um novo item de peso nas importações brasileiras. Com redução da oferta interna e preços competitivos dos países vizinhos, os gastos brasileiros com esses produtos totalizaram US$ 827 milhões até o mês passado, um aumento de 81%.

Já o trigo, um dos itens de maior peso nas importações brasileiras de cereais, registrou queda de 31%. Foram importadas 1 milhão de toneladas até setembro, o menor volume para o período em 46 anos, quando teve início essa série de estatísticas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Por Mauro Zafalon
Fonte: Folha de SP
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