Preços dos fretes marítimos despencam com guerra comercial entre EUA e China

O custo de contratação de navios de contêineres despencou 24% em relação ao pico de vários anos, enquanto os valores cobrados por navios de matérias-primas recuaram 10% em relação às máximas em cinco anos, em novos sinais de desaceleração do comércio global.

Enquanto o mundo segue concentrado nas quedas dos mercados acionários nesta semana, a queda dos preços dos fretes, que ocorre em meio à guerra comercial travada pelos Estados Unidos contra a China, além da desvalorização de moedas emergentes e condições mais restritas de crédito, é um presságio de desaceleração do crescimento econômico global.

No início das cadeias de fornecimento, os navios graneleiros transportam as matérias-primas, como carvão e minério de ferro das minas para as fundidoras, enquanto os navios de contêineres completam o ciclo transportando a grande maioria dos bens manufaturados globais das fábricas para os consumidores.

Os fretes de navios graneleiros e de contêineres subiram para níveis recordes mais cedo neste ano, mas despencaram desde que a guerra comercial entre os Estados Unidos e China se agravou, com ambos os lados impondo altas tarifas de importação sobre centenas de produtos.

“O achatamento do índice de fretes de graneis secos no Báltico e do índice de contêineres sinalizam com certeza para uma desaceleração da economia global”, disse Ashok Sharma, diretor da contratadora de cargas BRS Baxi, em Cingapura.

Frederic Neumann, codiretor da Asia Economic Research do HSBC em Hong Kong, afirmou que o “comércio global está esfriando depois de um forte desempenho nos últimos dois anos”.

Ele disse que a diminuição da demanda na Europa e China, as dificuldades nos mercados emergentes, bem como as tensões comerciais entre EUA e China estão contribuindo para essa desaceleração, e acrescentou que “o efeito completo disso ainda não foi sentido”.

O índice Harpex Container, que acompanha mudanças semanais nos preços de frete de navios de contêineres, caiu quase 25% desde junho, quando estava em um pico de sete anos, para 516 pontos. Já o Freightos Baltic Index, um índice global de contêineres lançado em Cingapura em 2017, atingiu recorde em agosto, mas desde então caiu 5,4%, para 1.583 pontos.

Segundo analistas de logística, os movimentos no mercado de contêineres tendem a refletir mudanças nas economias desenvolvidas, enquanto no caso dos navios de graneis sólidos representam mais países emergentes.

O Baltic Dry Index, que mede custos de frete para navios que transportam minério de ferro, carvão e outros minerais, caiu 13% depois de atingir a maior alta desde janeiro de 2014.

Ralph Leszczynski, chefe de pesquisas da empresa Banchero Costa & Co., afirmou que a queda dos fretes de graneis secos está mais relacionada a tendências nos mercados emergentes, onde as moedas de países como a Índia, Indonésia e Paquistão despencaram contra o dólar este ano, reduzindo a capacidade de pagamento de importações.

Por outro lado, os fretes de petroleiros estão se segurando, na medida em que as companhias tentam comprar o maior volume possível de petróleo antes da reimposição de sanções dos Estados Unidos contra as exportações do Irã, em 4 de novembro.

Porém, o sinal de risco para a economia global continua. “O frete de petroleiros tipicamente tem uma defasagem de alguns trimestres em relação ao índice de granéis sólidos”, disse Sharma, do BRS Baxi.

 

Fonte: Reuters

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