Preços do milho recuam até 15% no Brasil com colheita da 2ª safra

Com o avanço da colheita da safrinha de milho no Brasil, os preços praticados no mercado doméstico já registram quedas.

De acordo com levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas, no período de 20 de maio a 20 de junho, o preço da saca do cereal em Sorriso (MT) caiu 15,15%, recuando de R$ 33,00 para R$ 28,00. Na região de Cascavel (PR), a queda foi de 7,50%, com a saca cotada a R$ 37,00. Em maio, a saca era negociada a R$ 40,00.

No mesmo período, a saca caiu de R$ 53,00 para R$ 50,00 em Ponta Grossa (PR), um recuo de 5,66%. No Oeste da Bahia, a saca caiu 3%, com os preços recuando de R$ 50,00 para R$ 48,50. Já em Avaré (SP), a queda foi de 5,26%, com a saca cotada a R$ 43,96. No mês anterior, o a saca valia R$ 46,40.

Ainda essa semana, o CEPEA informou que em algumas regiões, o valor da saca de 60 kg chegou a cair R$ 10,00 no período de uma semana. Uma queda tão expressiva que chegou a travar o mercado.

Segundo o pesquisador da entidade, Lucilio Alves, nas localidades que estão mais adiantadas com os trabalhos nos campos, os preços acumulam desvalorizações mais acentuadas.

“Apesar das perdas na produção em importantes regiões devido ao clima irregular, ainda iremos colher uma grande safrinha. Em regiões onde a colheita caminha mais rápido, como em Mato Grosso e no Paraná, temos uma queda mais expressiva nas cotações nesse momento”, disse Alves.

E, segundo o consultor Vlamir Brandalizze, as cotações ainda têm espaço para ceder de R$ 3,00 a R$ 7,00 por saca, dependendo da região.

“Precisamos desse ajuste, já que os níveis praticados ainda estão acima da realidade, o que acaba complicando a vida dos consumidores. E dificilmente iremos ver novamente as cotações nos patamares praticados em maio”, disse.

Além da colheita, a perspectiva é que a chegada da safrinha aumente o interesse dos vendedores, principalmente nas regiões onde o volume comprometido antecipadamente não é tão elevado.

“Há uma expectativa de que o clima favoreça a colheita, o que deve aumentar a disponibilidade do produto. E há um déficit de armazenagem em algumas regiões, o que gera uma necessidade de negociação do milho”, afirmou Brandalizze.

Isso sem contar que muitos produtores tem colhido o grão mais rápido, na tentativa de ainda aproveitar os preços um pouco mais altos. “E isso acaba pressionando ainda mais os valores praticados, de uma maneira mais intensa. Associado a esse cenário, temos os compradores que estão retraídos no mercado”, declarou Alves.

Outro fato que também tem contribuído para esse cenário é o cancelamento dos contratos negociados para exportação.

Diante da diferença entre os preços pagos no mercado interno e os para exportação – a saca do milho para entrega setembro/16 fechou a última segunda-feira (20) a R$ 38,00 no Porto de Paranaguá – há um movimento de cancelamento dos contratos, os chamados “wash outs”.

A estimativa é que em torno de 14 milhões de toneladas da safrinha tenham sido negociadas antecipadamente até o final do ano passado.

“Está havendo muita renegociação dos contratos de exportação para o mercado interno. Vale lembrar que muitos contratos são feitos por tradings aqui no País e em outros locais do mundo, o que permite essas renegociações de contratos e o redirecionamento do produto para o mercado interno. E muitas tradings têm cumprido os contratos internacionais com o produto de outra origem, como dos Estados Unidos e da Ucrânia, e o grão brasileiro que estava comprometido retorna para o mercado doméstico. Todo esse cenário acaba aumentando um pouco mais a pressão sobre os preços”, afirmou o pesquisador do CEPEA.

“Com isso, teremos mais milho sobrando no mercado interno. A perspectiva é que deixemos de exportar de 7 milhões a 10 milhões de toneladas nesta temporada, o que deverá acabar compensando a quebra na safrinha brasileira”, disse Brandalizze.

Vale ressaltar que no ciclo anterior, as exportações ultrapassaram as 30 milhões de toneladas, o que acabou enxugando o excedente de oferta no mercado doméstico.

Para essa temporada, a estimativa era que viessem a exportadas mais de 30 milhões de toneladas. No entanto, com a quebra na safrinha, a ANEC (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais) revisou a sua estimativa e reduziu as exportações do cereal para 23 milhões de toneladas em 2016.

Ainda segundo o consultor da Brandalizze Consulting, o mercado deverá apresentar comportamento baixista até o mês de agosto.

“Teremos um excesso de oferta nos próximos dois meses, depois isso o mercado deverá se acomodar. De outubro em diante acreditamos em uma correção, mas não deveremos esperar uma disparada dos preços. Ainda iremos fechar esse ano comercial com estoques baixos, de 4 milhões a 6 milhões de toneladas, pouco mais de 1 mês de consumo. Com esse cenário, a estimativa é que haja um leve aumento na área plantada do cereal na safra de verão. Porém, ainda iremos depender muito do clima”, disse.

Colheita da 2ª safra

Segundo os números do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), no estado de Mato Grosso, maior produtor do cereal na segunda safra, a colheita já está completa em torno de 10% da área cultivada nesta temporada. No mesmo período do ano anterior, em torno de 4,73% da área havia sido colhida. A região Médio-Norte é a mais adiantada, com 13,54% da área colhida.

No Paraná, pouco mais de 5% da área já havia sido colhida, segundo o último levantamento realizado pelo DERAL (Departamento de Economia Rural). Contudo, os trabalhos nos campos caminham de maneira mais lenta em algumas regiões, já que há previsões de chuvas para algumas localidades do estado ao longo da semana.

 

 

Fonte: Notícias Agrícolas

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