Preços de algodão em pluma estiveram firmes na primeira quinzena de junho

Os preços de algodão em pluma estiveram firmes na primeira quinzena de junho devido à retração vendedora. Entretanto, com a redução de lotes da safra 2015/16 e aumento na oferta da nova temporada (2016/17), a partir da segunda quinzena do mês, as cotações recuaram com força no mercado brasileiro. Ao longo de junho, apenas compradores com necessidades imediatas estiveram ativos, especialmente para a realização de entregas já programadas.

Indústrias trabalharam com a pluma já contratada anteriormente e/ou de estoque, negociando no spot apenas para adquirir pequenos volumes. A expectativa de novas quedas nos preços com o avanço da colheita da safra 2016/17 e a baixa qualidade da pluma disponível, proveniente da temporada 2015/16, retraíram compradores. Neste cenário, a liquidez seguiu baixa.

O Indicador Cepea/Esalq para pagamento em oito dias recuou 4,24%, para R$ 2,6607/lp na sexta-feira (30). De 27 de junho a 3 de julho, o indicador caiu 4,15%, fechando a R$ 2,6492/lp no dia 3. Entretanto, a média mensal de junho/2017, de R$ 2,7655/lp, está apenas 0,08% abaixo da de maio/2017, mas 3,63% acima da de junho/2016 (valores atualizados pelo IGP-DI de maio/2017).

Quanto à colheita da safra 2016/17, parte da safra colhida tem atendido contratos firmados anteriormente. O Estado da Bahia, onde a atividade começou no início de junho, é o que mais disponibilizou lotes no spot. Já Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo, juntos, têm pouco ofertado. Em relação às negociações de fios, em junho, o ritmo de negócios captados pelo Cepea esteve melhor que o do mês anterior, com entregas programadas para os próximos dois ou três meses.

Do lado vendedor, cotonicultores estiveram firmes nos valores pedidos em praticamente todo o mês de junho. Já tradings, diante dos recuos dos preços internacionais, se voltaram para o mercado doméstico, seja no spot ou para entregas futuras. Nesse cenário, as negociações para exportação estiveram fracas, seja referente à safra 2016/17 ou à 2017/18.

Na média de junho/2017, conforme cálculos do Cepea, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), porto de Paranaguá (PR), foi de R$ 2,4061/lp, com queda de 1,61% em relação à média do mês anterior (R$ 2,4454/lp). No mesmo período, o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) recuou 4,2%, e o dólar se valorizou 2,71%.

Ainda na média mensal, o indicador com pagamento à vista em dólar foi de US$ 0,8318/lp, 2% inferior à média do Índice Cotlook A de US$ 0,8494/lp, mas 12,2% superior à do primeiro contrato (jul/2017) na bolsa de Nova York. Cálculos do Cepea mostram que em junho, a média de preços de exportação para embarque no segundo semestre deste ano (referentes à safra 2016/17) foi de US$ 0,7494/lp (4,1% menor que a de abril/2017) e, para a temporada 2017/18, de US$ 0,7511 (- 0,77%).

A importação brasileira de pluma, segundo a Secex, totalizou apenas 2.790 toneladas em junho/2017, com expressiva queda de 65% frente ao mês anterior (7.990 toneladas). Mas, de janeiro a junho/2017, totalizaram 31.980 toneladas, quase três vezes o volume registrado no mesmo período de 2016 (11.600 toneladas). O preço médio de importação foi de US$ 0,8316/lp em junho, 4,8% maior que o de maio e 37,1% superior ao de junho/2016 (US$ 0,6065/lp).

Quanto às exportações, o volume em junho foi de 13.900 toneladas, com recuo de 28,8% frente a maio, segundo a Secex. No acumulado de 2017 (jan-jun), a queda é de expressivos 57,2% em relação ao mesmo período de 2016, totalizando 151.200 toneladas neste ano. O faturamento em dólar foi de US$ 258 milhões – 50,2% menor que o obtido o primeiro semestre de 2016. O preço médio de exportação em junho foi de US$ 0,8296/lp, com ligeira alta de 0,1% frente ao mês anterior e significativos 27,3% superior ao de junho/2016 (US$ 0,6517/lp).

Segundo dados da BBM (Bolsa Brasileira de Mercadorias) 85,7% da safra brasileira 2015/16, estimada em 1.289 milhão de toneladas, foi comercializada até 30 de junho. Do total, 56,3% foram direcionados para o mercado interno e 43,7%, para o externo. Referente à safra 2016/17, estimada em 1.48 milhão de toneladas, foram registradas negociações equivalentes a 44,7%. Desse volume, 48,3% foram destinados para o mercado interno e 51,7% para o externo.

Conab

Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 8 de junho, a produção brasileira de algodão em pluma da safra 2016/17 poderá aumentar em 15,4%, totalizando 1.488 milhão de toneladas, devido à expectativa de aumento de 17,4% na produtividade (ficando em 1.585kg/ha), já que a área estimada é 1,7% menor em relação a 2015/16. Em Mato Grosso, a produção prevista na safra 2016/17 é de 997.700 toneladas, com aumento de 13,3% em relação a anterior e com 65% do volume já comercializado na região.

Na Bahia, mesmo com a estimativa de área semeada 14,3% menor que a temporada 2015/16, a Conab estima produção 29,1% superior na safra 2016/17, podendo alcançar 319.300 toneladas, devido à expressiva alta de 50,6% na produtividade. No Centro-Sul do estado, a colheita já atinge 75% da área, enquanto no Extremo-Oeste chega a 5% (ambas iniciadas em maio). No Vale do São Francisco, por sua vez, as lavouras estão em estágios distintos, variando desde o vegetativo até a colheita.

Internacional

Em junho, todos os contratos na ICE Futures caíram. Apesar da boa demanda pela pluma norte-americana, a boa qualidade do produto, a alta do dólar frente às principais moedas internacionais (o que torna a pluma dos Estados Unidos menos atraente) e o aumento da safra chinesa foram alguns dos fatores de pressão. No acumulado de junho, o contrato jul/2017 se desvalorizou 2,17%, caindo para US$ 0,7531/lp no dia 30. O contrato out/2017 recuou expressivos 6,24% (US$ 0,7036/lp); o dez/2017, 5,77% (US$ 0,6859/lp) e o mar/2018, 6,7% (US$ 0,6757/lp).

Para a temporada 2016/17, segundo relatório do USDA divulgado dia 10 de junho, houve um reajuste positivo para a produção e consumo mundiais. A estimativa da produção mundial é de 23.076 milhões de toneladas, enquanto o consumo poderá ficar em 24.7 milhões de toneladas. Já para comercialização, é esperada a importação de 7.9 milhões de toneladas e a exportação de oito milhões de toneladas para a safra 2016/17.

Quanto à safra 2017/18, ainda segundo o USDA, a produção mundial está estimada em 24.98 milhões de toneladas, com aumento de 8,2% em relação a temporada 2016/17 e 1,3% maior que os dados divulgados no mês anterior. O motivo do crescimento é, especialmente, o aumento de 9,4% na produção do Paquistão de um mês para o outro.

O consumo mundial pode atingir 25.4 milhões de toneladas e elevação de 2,6%. Já o estoque mundial pode recuar 1,8%, para 19.1 milhões de toneladas, pressionado, principalmente, pela redução no estoque chinês de 18,7% frente à safra 2016/17.

Caroço

“De olho” na chegada da safra 2016/17 ao mercado spot, em junho, compradores adquiriram apenas pequenos volumes para atender às necessidades imediatas. Em geral, as ofertas da nova temporada continuaram baixas, vindas especialmente da Bahia e, ainda mais restritas, de Mato Grosso e Goiás. Já para entrega de agosto/2017 em diante, novas negociações foram realizadas. Além da esperada intensificação das atividades das algodoeiras em julho, parte do caroço disponível foi direcionado para entrega de contratos firmados anteriormente. Referentes à safra 2015/16, praticamente não foram captados negócios em junho.

 

Fonte: Cepea

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