Preços da soja nos portos do Brasil recuam pressionados pelas novas quedas em Chicago

Os contratos futuros da soja na CBOT voltaram a fechar em baixa, após a leve alta registrada na sexta-feira. Os principais vencimentos registraram quedas de 6,25 a 7,25 centavos, com o novembro/18 cotado a US$ 8,48 ¼ e o janeiro/19 a US$ 8,61 ¾ o bushel.

Os contratos futuros do farelo de soja na CBOT fecharam em baixa pela sétima sessão consecutiva, com o dezembro/18 registrando o menor fechamento desde 13/09/2017. Os principais vencimentos registraram quedas de US$ 5,70 a US$ 6,40. O setembro/18 fechou cotado a US$ 306,30 e o dezembro/18 a US$ 310,60 a tonelada curta.

O anúncio de um acordo comercial entre Estados Unidos e México ajudou a amenizar as quedas no mercado da soja no pregão de hoje na CBOT.

Segundo o analista Camilo Motter, a pressão da guerra comercial entre China e Estados Unidos, que se intensificou no fim da última semana, e da grande safra que vem se concluindo nos Estados Unidos continua, e essa novidade do acordo entre mexicanos e norte-americanos acabou amenizando a queda e dando algum fôlego ao mercado.

O México, que já é grande importador de soja e milho dos Estados Unidos, pode intensificar ainda mais as suas compras de produtos agrícolas a partir desse acordo.

A tendência de baixa dos preços em Chicago, porém, permanece e o mercado não desvia os olhos de estimativas, como a do Pro Farmer, que mostraram a nova safra dos EUA em 127.4 milhões de toneladas. A última estimativa divulgada pelo USDA foi de pouco mais de 124 milhões.

“No entanto, acredito que o mercado já esteja buscando um fundo com essas informações. Não temos espaço para novas fortes quedas, mas para uma pressão pontual da entrada da nova safra dos Estados Unidos, que deve acontecer em um ritmo mais forte este ano”, disse Motter. “Tudo indica que a temporada de notícias ruins está ficando para trás”.

Subsídios norte americanos

O USDA informou nesta segunda-feira que o seu pacote de auxílio ao setor agrícola de US$ 12 bilhões incluí US$ 4.7 bilhões em pagamentos diretos aos agricultores, para ajudar a compensar as perdas causadas pelas tarifas retaliatórias sobre as exportações norte-americanas nesta temporada.

“A maior parte dos pagamentos, US$ 3.6 bilhões, seria destinada para os produtores de soja. Isso corresponde a US$ 1,65 por bushel multiplicado por 50% da produção”, disse o subsecretário de Produção Agrícola e Conservação, Bill Northey, em teleconferência.

A China tradicionalmente compra 60% das exportações de soja dos EUA, mas têm estado fora do mercado desde a implementação de tarifas sobre as importações norte-americanas em retaliação às taxas da administração de Donald Trump sobre produtos chineses.

O pacote de auxílio, originalmente anunciado em julho, também inclui pagamentos para o sorgo de US$ 0,86 por bushel multiplicado por 50% da produção, US$ 0,01 por bushel de milho, US$ 0,14 por bushel de trigo e US$ 0,06 por libra de algodão.

“Os pagamentos para os criadores de suínos serão de US$ 8,00 por porco, multiplicados por 50% da produção em 1º de agosto”, disse Northey, acrescentando que produtores de laticínios também serão beneficiados.

O secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, afirmou que o programa começará em 4 de setembro, para coincidir com a colheita de 2018. Os produtores precisarão comprovar a produção atual para coletar os pagamentos, que têm limite de US$ 125.000,00 por pessoa.

Uma segunda rodada de pagamentos será avaliada, dependendo da necessidade. O programa também incluirá US$ 1.2 bilhão em compras de commodities, incluindo carne suína e laticínios, a serem distribuídas por vários meses, disseram autoridades.

Perdue disse que o programa incluirá cerca de US$ 200 milhões para um programa de promoção comercial para desenvolver novos mercados. O pacote é visto como um “estímulo temporário” para os agricultores, já que os EUA e a China negociam questões comerciais.

Tabelamento do frete

O ministro Luiz Fux disse, após uma audiência com as partes interessadas, que o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar em plenário o mais rápido possível os questionamentos de associações do agronegócio e da indústria sobre a nova lei do frete.

Preços no Brasil

Nesta segunda-feira, os preços no Brasil registraram oscilações intensas nas principais praças de comercialização do interior do País. Os ganhos seguem motivados pelos prêmios em alta, bem como o dólar, que apesar do queda de hoje, segue acima dos R$ 4,00.

A moeda norte-americana fechou com queda de 0,57%, em um movimento de correção, cotada a R$ 4,0812 para venda. O mercado está um pouco mais racional hoje. O cenário favorável lá fora e a ausência de notícias (eleitorais) estão fazendo o mercado se acomodar um pouco depois de uma semana de muita cautela, disse o operador da Spinelli Corretora José Carlos Amado á Reuters.

No porto de Paranaguá, a saca da soja no mercado disponível fechou cotada a R$ 92,00, estável, e a da safra nova caiu 1,16% e foi cotada a R$ 85,00. Em Rio Grande, no mercado spot a saca foi cotada a R$ 91,30 e a R$ 92,00 para embarque setembro/18, em baixa de 0,76% e 0,54%, respectivamente.

Milho fecha em queda influenciado pela soja, trigo e safra dos EUA

Após a leve recuperação registrada na sexta-feira, os contratos futuros do milho na Bolsa de Chicago voltaram a fechar em baixa. Os principais vencimentos registraram quedas de 1 a 1,75 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 3,46 ¾ e o dezembro/18 a US$ 3,61 ½ o bushel.

Os contratos futuros do trigo na CBOT fecharam em forte baixa pela sexta sessão consecutiva, com os principais vencimentos registrando quedas de 13,25 a 15,50 centavos. O setembro/18 fechou cotado a US$ 4,99 ¼ e o dezembro/18 a US$ 5,22 ½ o bushel.

O mercado voltou a recuar nesta segunda-feira influenciado por algumas notícias, entre elas o acordo entre os EUA e o México, que irão reformular o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). “Esperamos que o acordo permita vendas irrestritas de milho, trigo e arroz ao México”, disse Jack Scoville, analista do PRICE Futures Group.

“Os preços do milho também recuaram diante das quedas mais expressivas registradas nos mercados do trigo e também da soja. Contudo, o movimento negativo foi limitado por mais uma rodada de dados favoráveis dos embarques semanais”, informou o site Farm Futures.

Os embarques de milho foram de 1.245.130 toneladas na semana encerrada no dia 27 de agosto. O volume ficou acima do registrado na semana anterior, de 1.096.645 toneladas.

As informações sobre a safra dos EUA também seguem no radar do mercado. Na semana anterior, o crop tour Pro Farmer estimou a safra em 368.35 milhões de toneladas e a produtividade em 187,65 sacas por hectare.

Mercado interno

Segundo levantamento da equipe do Notícias Agrícolas, em Mato Grosso, a saca subiu 9,85% nas praças de Primavera do Leste, Alto Garças e Itiquira, sendo cotada a R$ 29,00. Na região de Rondonópolis (MT), a saca registrou alta de 5,54%, cotada a R$ 30,50. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), a saca subiu 3,03% e foi cotada a R$ 34,00. Em Pato Branco (PR), a alta foi de 0,89%, com a saca cotada a R$ 34,00.

Em Campo Novo do Parecis (MT), a saca recuou 6,82% e foi cotada a R$ 20,50. Na região de Sorriso (MT), a queda foi de 6,00%, com a saca cotada a R$ 23,50. Em São Gabriel do Oeste (MS), a queda foi de 3,23%, com a saca cotada a R$ 30,00.

Em Campinas (SP), a queda foi de 2,49%, sendo a saca cotada a R$ 43,00. No Porto de Paranaguá, o dia foi de estabilidade, com a saca no mercado futuro, para entrega em setembro/18, cotada a R$ 44,00.

Segundo dados do Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea), divulgados nesse início de semana, a alta do dólar, acima de R$ 4,10, tem dado impulso às cotações do milho no mercado doméstico. “A valorização do dólar eleva o interesse pelas exportações e resulta em alta nos valores do cereal nos portos”.

Além disso, os produtores permanecem segurando as vendas de milho. O cenário é decorrente da menor oferta da safrinha nesta temporada e ao alto valor dos fretes.

 

Fontes: Notícias Agrícolas, Reuters e SNA

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