Preços da soja no Brasil não reagem e trigo pressiona cotações do milho

A análise diária do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicou ontem (8/11) que os preços da soja não estão reagindo neste momento do ano. Segundo o analista Luiz Fernando Pacheco, da T&F Consultoria Agroeconômica, os preços sequer estão voltando para os níveis que estavam há 30 dias.

“E isto não é por culpa apenas da queda do dólar, mas também de Chicago, onde todo o complexo está em queda. E os dados divulgados nesta quinta-feira pelo USDA não ajudaram muito”, disse o especialista.

Segundo Pacheco, no Brasil, como o dólar permaneceu quase estável (caiu 0,03%) e Chicago também recuou 0,02% no final, os prêmios também permaneceram praticamente inalterados e os preços anteriores não eram satisfatórios para os agricultores.

“Os mercados continuaram paralisados, à espera de alguma definição de tendência. A atenção dos agricultores está totalmente voltada para a conclusão dos plantios, algo que levam muito a sério, no que fazem bem”, afirmou o analista.

Assim, a pesquisa diária do Cepea registrou queda de 1,02% nos preços dos portos, para R$ 85,36/saca, ampliando a baixa do mês de novembro para 0,44%, até o momento. Também no interior do país, a pesquisa do Cepea registrou queda de 0,68%, para o preço médio de R$ 79,15, aumentando a perda mensal de novembro para 0,05%.

Além disso, o segundo levantamento da safra divulgado nesta quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), registrou um aumento de 0,87% na produção brasileira, em relação à sua estimativa de outubro, passando de 118.24 milhões de toneladas para 119.27 milhões de toneladas. Com isto, houve também um aumento nos estoques finais da ordem de 3,27%, passando de 809.000 para 837.100 toneladas..

Opção pelo trigo 

Os agricultores da região Sul do País estão substituindo o milho pelo trigo como alimento para os animais. Isso porque o excesso de chuvas na região acabou deixando o trigo com baixa qualidade, a ponto de que ficasse impróprio para o consumo humano, sendo então utilizado para os animais.

“A diferença menor pode ultrapassar 13%. Com isto, está havendo um aumento na demanda por ‘triguilho’ por parte das fábricas de ração, em detrimento do milho”, disse Pacheco, da T&F, explicando que os agricultores utilizam o produto na composição de rações.

Outro fator que provocou a venda de milho nos estados do Centro-Oeste, onde não se planta muito trigo, é a proximidade do vencimento dos compromissos de safra.

“Com pouca soja para vender, os agricultores lançam mão do milho para se capitalizar, pagando os compromissos bancários e adquirindo insumos para o próximo plantio. Por outro, as vendas de insumos pelo processo de ‘barter’ aumentaram os volumes de coberturas realizadas na BM&F, provocando altas dos últimos dias”, destacou o analista.

Nesse cenário, o segundo levantamento da safra 2018/2019, divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aumentou em 2.1 milhões de toneladas a sua estimativa dos estoques finais, ou 17,95%, passando de 11.16 milhões de toneladas para 13.17 milhões de toneladas.

“Isto significa preços menores durante o período, como já acontece (esta projeção confirma a pouca viabilidade de novas altas significativas de preço, pelo menos não aos níveis em que já estiveram nos meses de maio-junho passados), disse Pacheco.

 

Fonte: Agrolink

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp