Quem poderia imaginar que depois de atingir a marca histórica de R$ 116,00 por saca no porto de Rio Grande em maio, os preços da soja voltariam a testar essa máxima agora em junho e, na maioria das praças, quebrar o recorde de maior preço já recebido por uma saca de soja na história?
Na verdade, além do dólar em alta, outros dois fatores estão contribuindo para esses recordes: as cotações em alta na Bolsa de Chicago e a elevação dos prêmios pagos nos portos, segundo a consultoria Safras & Mercado.
Antes de mais nada, vale ressaltar que o recorde de maior preço médio já pago por uma saca de soja no Brasil em todas as praças, não foi quebrado ainda, foi igualado. O recorde era originalmente de 13 e 14 de maio no porto de Rio Grande (RS), de R$ 116,00/saca na média de negócios do dia e, no último dia 18 de junho, a média de preços em Rio Grande ficou novamente em R$ 116,00/saca.
“O momento é muito favorável para os preços da soja no mercado brasileiro. Os valores na última quinta e nesta sexta-feira estão atingindo novos recordes e superando os valores incríveis de maio, quando o câmbio bateu a casa dos R$ 6,00. Desta vez, além do dólar, as cotações de Chicago em alta e os prêmios elevados nos portos trazem suporte para os valores atuais”, disse o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
Demais praças
Se no porto de Rio Grande (RS) o máximo foi um empate, nas demais praças acompanhadas o valor médio em um dia foi quebrado.
Em Paranaguá (PR), a saca de soja foi negociada a R$ 115,00 por saca nestes últimos dois dias, contra R$ 114,50 de maio. Em Cascavel (PR), esteve cotada a R$ 108,50 contra os R$ 108,00 de maio.
Em Dourados (MS), a saca foi negociada em junho a R$ 100,00, contra a máxima de maio de R$ 97,00. Em Passo Fundo (RS) as vendas chegaram a R$ 112,00 por saca, contra R$ 110,50 do mês anterior. Em Rondonópolis (RS) a saca subiu para R$ 104,00 em junho, contra os R$ 103,00 de maio.
Só em Santos o recorde não foi batido em junho, chegando a R$ 114,00 por saca, contra os R$ 115,00 de maio.
“A tendência para o preço segue bastante positiva. Muito dependerá do câmbio, naturalmente, mas os prêmios elevados podem dar suporte às cotações no País. No fim do ano, com menor oferta ainda, os preços podem trazer oportunidades interessantes para os preços”, afirmou Gutierrez.
Chicago, dólar e prêmios
Segundo o analista da Safras & Mercado, as cotações da soja na Bolsa de Chicago estão elevadas no momento, por conta de uma demanda crescente de soja dos EUA para a China.
“Isso traz a sensação para o mercado de que há espaço para os asiáticos cumprirem o acordo que fizeram no início do ano. A tendência, daqui para a frente, é que os chineses aumentem os volumes de compras com a colheita da safra dos Estados Unidos”, disse.
Entretanto, há um limite para estas altas em Chicago, disse o analista, principalmente por causa do clima favorável durante a safra recém plantada.
“Vale ressaltar que estamos entrando no momento climático da safra dos EUA e isso acaba limitando um pouco os ganhos em Chicago, pois no momento as lavouras se desenvolvem bem por lá. Só que isso pode mudar rapidamente e, se o clima piorar, as cotações em Chicago podem voltar a subir.”
Para Gutierrez, o câmbio segue como principal trampolim para as altas dos preços, apesar de os prêmios nos portos completarem o cenário positivo. “O momento atual mostra uma valorização do dólar frente, já que ao quadro político brasileiro é bastante conturbado”.
Já em relação aos prêmios, concluiu o analista, “ainda há uma demanda chinesa pela soja do país, mas isso deve diminuir daqui para a frente. Como o Brasil já vendeu muita soja, existe pouca oferta no mercado e isso sustenta a alta dos prêmios, que deve durar nos próximos meses”.
Safras & Mercado