O Índice de Preços ao Produtor brasileiro (IPP) encerrou 2012 com alta de 7,16 por cento depois de acelerar em dezembro para avanço de 0,30 por cento, com maior influência dos alimentos, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
O resultado de 2012 ficou bem acima do registrado em 2011, quando o IPP subiu 2,60 por cento, e aproximou-se de 2010, quando o IBGE deu início à série e os preços tiveram alta de 8,04 por cento.
“A alta do dólar foi fundamental para a aceleração do IPP”, destacou o economista do IBGE, Alexandre Brandão.
Nos cálculos do IBGE, no ano passado o dólar teve uma valorização de 13,06 por cento frente ao real e, como o IPP abrange segmentos exportadores e alguns dos produtos são negociados na moeda norte-americana, a variação cambial tem um peso importante no resultado final.
No fim de novembro, o dólar saltou e raspou os 2,14 reais, mas medidas e intervenções do governo derrubaram novamente a cotação da divisa, que fechou 2012 abaixo de 2,05 reais, mas ainda com valorização superior a 9 por cento no ano.
Nesta semana, entretanto, o dólar caiu abaixo de 2 reais após atuação do Banco Central, o que para analistas é um sinal de que preocupações com a inflação começam a superar a promessa do governo de estimular as exportações.
O IBGE ainda revisou o dado de novembro para uma alta de 0,27 por cento depois de anunciar anteriormente 0,25 por cento.
Em dezembro, 16 das 23 atividades pesquisadas apresentaram alta de preços na comparação com o mês anterior, ante 15 em novembro, segundo o IBGE.
As maiores variações positivas ocorreram nos preços de perfumaria, sabões e produtos de limpeza (1,85 por cento), fumo (1,49 por cento) e papel e celulose (1,22 por cento).
Já os preços dos alimentos, que pressionaram o índice durante a maior parte do ano, avançaram apenas 0,37 por cento em dezembro ante novembro. Ainda assim foram a principal influência sobre o IPP em dezembro, com 0,07 ponto percentual, e fecharam 2012 com alta de 14,57 por cento ante 3,08 por cento em 2011.
Outros destaques na influência sobre o índice foram metalurgia (0,04 ponto), papel e celulose (0,04 ponto) e outros produtos químicos (0,04 ponto).
No acumulado do ano, as principais influências foram de alimentos (2,75 pontos percentuais), outros produtos químicos (1,08 ponto), refino de petróleo e produtos de álcool (0,71 ponto) e papel e celulose (0,40 ponto).
Junto com o dólar, que pressionou os segmentos de papel e celulose, fumo e madeira, os problemas climáticos também influenciaram os preços ao produtor, uma que vez prejudicaram a produção de grãos e produtos agrícolas nos Estados Unidos e na América do Sul, destacou Brandão.
No ano passado, soja e seus derivados, carnes e suco de laranja lideraram a pressão dos alimentos sobre os preços ao produtor.
“Os preços no mundo (de papel e celuloso) nem subiram, mas como houve a valorização do dólar, isso mexeu com os preços”, completou o economista do IBGE.
O IPP mede os preços “na porta das fábricas” e não inclui os custos com frete e impostos que influenciam os preços ao consumidor.
Os preços no atacado voltaram a subir no final de 2012, mas o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) de janeiro, divulgado mais cedo nesta manhã, mostrou desaceleração deste segmento no começo deste ano.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que responde por 60 por cento do IGP-M, subiu 0,11 neste mês, ante alta de 0,73 por cento em dezembro.