“Pouca gente conseguiu preços melhores nesta temporada, não por culpa do mercado, mas da baixa qualidade do trigo produzido, devido às intempéries climáticas, que danificaram as safras de toda a América do Sul neste ano”. A afirmação é do analista da consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Fernando Pacheco.
“Quem conseguiu produzir trigo de boa qualidade (branqueador) está vendendo o seu produto por R$ 700,00 a tonelada em casa, ou seja, 49,97% acima dos R$ 466,76 a tonelada obtidos no mercado de balcão em janeiro de 2017 ou mesmo 7,69% acima do preço do mercado de lotes na mesma data”, disse. “Então, se o clima não tivesse atrapalhado, teria realmente valido a pena plantar trigo na safra 2017/18”.
Pacheco relembra ainda a subida expressiva dos meses de junho e julho, que permitiu ganhar R$ 19,00/saca para quem utiliza mercados futuros e que levou o preço do trigo para praticamente R$ 50,00/saca: “Poucos aproveitaram, mas existiu, efetivamente”.
“Com relação aos custos de produção, diríamos a mesma coisa: segundo cálculos do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), atualizados em novembro de 2017, o custo variável de produção de trigo por hectare é de R$ 37,05/saca ou R$ 1.778,40/hectare, considerando uma produtividade média de 48 sacas/hectare”, disse o analista.
“Ora, o preço de R$ 700,00 a tonelada equivale a R$ 41,99/saca, gerando uma rentabilidade de 13,33% sobre os custos variáveis de produção”.
Segundo Pacheco, isso é o que estão conseguindo os agricultores que plantaram sementes fiscalizadas, seguiram as instruções dos manuais agronômicos, segregaram adequadamente na colheita e agora podem colher os frutos de seu trabalho bem feito.
“Sem contar os agricultores que conseguem produzir mais do que 48 sacas/hectare, que são muitos, que é lucro adicional puro. O resto foi provocado pelo clima adverso, que foi inclemente nesta safra, tanto no Brasil quanto no Paraguai, Uruguai, como na Argentina”, acrescentou o analista.
“Este preço de R$ 700,00 tem boas chances de subir um pouco mais ainda, ao longo do ano, quando o país depender exclusivamente dos trigos importados, que hoje já chegam a preços de R$ 745,00 posto moinhos do interior”, disse.
Fonte: Agrolink