Preço do leite é o menor desde fevereiro de 2010

Pesquisa do Cepea/USP mostra que, na comparação com janeiro/17, o recuo no preço do leite foi de quase 20%. Foto: divulgação

 

A cadeia do leite continua atravessando um período de dificuldades. Contrariando as expectativas de agentes do setor, o preço do produto caiu 1,74% (ou 0,017 centavo/litro) em janeiro frente ao mês anterior, chegando a R$ 0,9832/l na “média Brasil” líquida. Esta é a menor média desde fevereiro de 2010. De acordo com pesquisa do Cepea/USP, na comparação com janeiro/17, o recuo foi de quase 20%.

A esperada estabilidade nos preços prevista pelos agentes não veio e o recuo foi generalizado, com queda nas médias de todos os estados acompanhados pelo Cepea. A única exceção foi Santa Catarina, que apresentou alta de 1,34% de dezembro para janeiro, devido ao menor volume captado. Dentre os estados, a maior queda foi observada em Minas Gerais, de 2,93%.

Os pesquisadores do Cepea atribuem a desvalorização do leite no campo à baixa demanda na ponta final da cadeia. Esse comportamento tem limitado os volumes de negociações entre indústrias e atacados/varejos. Além disso, o período de fim de ano e de férias escolares é, tipicamente, considerado uma época ruim para a comercialização de lácteos.

“O consumo interno segue abalado pela perda do poder de compra do brasileiro em função do período de recessão econômica. Vale lembrar que a demanda pela maioria dos lácteos é afetada mais do que proporcionalmente pela variação na renda da população”, analisam os pesquisadores do Cepea.

Outro fator que também pressionou as cotações, de acordo com o levantamento, foi a alta da captação em muitos estados, em decorrência do maior volume de chuvas. O aumento em dezembro frente ao mês anterior no Paraná, por exemplo, foi de 5,86%.

SITUAÇÃO  CRÍTICA

A pesquisa do Cepea aponta que muitos produtores já deixaram a atividade, enquanto outros têm aumentado o abate de vacas e investido menos na produção. Esses resultados levaram a um ligeiro aumento de 0,23% do Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) de novembro para dezembro.

Agentes ouvidos pela pesquisa do Cepea consideram a situação do setor crítica, o que impõe difíceis desafios na gestão dos negócios, tanto para produtores quanto para indústrias.

“Ainda que os indicadores macroeconômicos indiquem a continuidade da recuperação econômica, a resposta do consumidor diante das gôndolas é lenta, o que tem dificultado a previsão do comportamento do mercado”, complementam os pesquisadores.

Para fevereiro, a maior parte dos agentes entrevistados pelo Cepea acredita em estabilidade nas cotações do produtor. Um dos fatos que fundamenta essa expectativa é o comportamento dos preços do leite UHT (de caixa), que por ser o lácteo mais consumido do País tem forte correlação com os preços praticados no campo.

Equipe SNA/Rio

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