Preço do leite ao produtor finaliza o ano estável

Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), pelo segundo mês consecutivo, o preço do leite recebido pelo produtor se manteve estável, considerando a “média Brasil” (que inclui os estados de BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS).

Vale ressaltar que de julho a outubro deste ano, as cotações registraram consecutivas quedas. O preço líquido médio do leite entregue em novembro e pago em dezembro foi de R$ 1,0006/litro (não inclui frete e impostos), com leve alta de 0,03% frente ao mês anterior e de 18% se comparado a dezembro de 2016. Ao considerar a média de 2017, o preço líquido pago ao produtor foi de R$ 1,1721/litro, com queda de 8% frente à de 2016 (valores deflacionados pelo IPCA de nov/2017).

Ainda que a média nacional tenha se mantido estável, a situação do mercado foi distinta em cada estado, em função do delicado equilíbrio entre oferta e demanda. Devido ao período de festas de fim de ano e férias escolares, as negociações não se aqueceram. Por outro lado, em algumas regiões acompanhadas pelo Cepea, a captação recuou ou se manteve estável, aproximando os estoques da normalidade e possibilitando elevação nos preços ao produtor, como, por exemplo, nos estados do Sul.

Já em outras localidades o aumento da produção continuou pressionando as cotações. Contudo, os baixos preços no campo, além de impedirem maiores quedas em algumas praças, possibilitaram até mesmo altas em outras como estratégia para manter os produtores e garantir a compra do leite.

Segundo colaboradores do Cepea, muitos produtores já deixaram a atividade, enquanto outros têm aumentado o abate de vacas e/ou investido menos em sua produção. As variações mais significativas ocorreram em Santa Catarina (+ 1,76%), São Paulo (- 1,86%) e Bahia (- 1,27%). Os preços no Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás e Minas Gerais ficaram praticamente estáveis, com variações de 0,74%, 0,38%, 0,2% e – 0,25%, respectivamente.

O maior volume de chuvas no Sudeste e Centro-Oeste em novembro elevaram a captação em Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Goiás. No entanto, os baixos preços praticados no Sul do país levaram à diminuição de 3,7% na captação do Rio Grande do Sul e à estabilidade em Santa Catarina (0,3%) e Paraná (0,9%) – o que “segurou” a alta do Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea na “média Brasil”.

Assim, de outubro para novembro, o ICAP-L aumentou 1,3%. Mesmo com o crescimento controlado da captação neste final de ano, vale destacar que, de janeiro a novembro, o ICAP-L registrou alta acumulada de 7,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Para janeiro, 65% dos colaboradores consultados pelo Cepea (que representam 79% do volume amostrado) acreditam em estabilidade nas cotações. Outros 26% (que respondem por 14,5% da amostra) apostam em queda e 9% (que correspondem por 7% do volume), em alta.

A relação entre oferta e demanda continua descompassada, cenário que dificulta prever o comportamento do mercado nos próximos meses. Ainda assim, vale acompanhar o mercado diário do leite UHT, o lácteo mais consumido no país.

De acordo com pesquisas do Cepea, os preços diários do UHT têm oscilado na negociação entre indústria e atacado do Estado de São Paulo, mas, especificamente, de 4 a 27 de dezembro houve queda acumulada de 7,4%, o que indica a instabilidade do mercado.

Gráfico 1. ICAP-L/CEPEA – Índice de Captação de Leite – NOVEMBRO/17 (Base 100=Junho/2004) 

 

Fonte: Cepea

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