Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), compilados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) indicam que nas últimas cinco semanas (de 12/3-16/03 a 9/4-13/4) o preço de venda do etanol hidratado pelo produtor paulista sofreu queda de cerca de R$ 0,38 por litro.
Entretanto, esta retração não foi transmitida de forma integral ao consumidor. Nos postos de combustível do estado, verificou-se um repasse médio de apenas R$ 0,03/litro no preço do renovável. Portanto, os R$ 0,35/litro da redução não chegaram às bombas. Nesse período, a margem de comercialização do posto revendedor aumentou R$ 0,10 e o preço médio de venda das distribuidoras cresceu R$ 0,25/litro.
Analisando o mesmo período de tempo (cinco semanas) ao longo da entressafra em vários anos, se constata que o atraso no repasse de preço ao consumidor observado em 2018 é superior ao padrão histórico para o período.
O diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, disse que nesse ano, a demora no repasse de preços é muito grande. Mesmo considerando uma possível recomposição da margem bruta de comercialização dos agentes para o padrão histórico, o preço de bomba do hidratado em São Paulo deveria ter caído R$ 0,27 por litro para retratar a retração observada no valor praticado pelas usinas.
Em outros importantes estados consumidores de etanol, o cenário de queda foi ainda pior. No Paraná, a baixa no preço de bomba foi de apenas R$ 0,02/litro. Em Minas Gerais e Goiás foi registrado, no mesmo período, um aumento de R$ 0,02 e R$ 0,09 por litro de etanol, respectivamente.
“O setor produtivo garantiu a oferta de produto em toda a entressafra e ampliou a disponibilidade de etanol com a antecipação da moagem. Essa injustificada lentidão no repasse de preço ao longo da cadeia tem prejudicado a competitividade do hidratado e os consumidores, que poderiam estar pagando um valor mais baixo pelo produto”, disse o executivo da Unica.
Fonte: Unica