Preço do arroz sobe no Brasil, mas oferta está garantida

Imagem de jcomp no Freepik

A entressafra de arroz, a demanda internacional e as restrições da Índia às exportações do cereal têm elevado o preço de um dos produtos mais presente no prato dos brasileiros. Em agosto, os preços do arroz em casca no Brasil subiram 12,06%, segundo o indicador CEPEA/IRGA no Rio Grande do Sul. Em setembro, eles seguem em alta e se aproximam dos R$ 100,00 a saca de 50 quilos.

“Agentes indicam que os preços podem continuar subindo, com possibilidade de alcançarem os patamares registrados durante a pandemia do Covid-19, próximo dos R$ 106,00 a saca”, alerta o CEPEA.

Embora o arroz brasileiro não concorra diretamente com o indiano, a decisão do país asiático elevou as cotações na bolsa de Chicago e aumentou a demanda de concorrentes como Tailândia e Vietnã. Os compradores, então, buscam alternativas. “Se no mercado interno o arroz está a R$ 100,00, no porto passa de R$ 110,00, o que instiga a indústria e os tradings a exportarem”, disse ao Valor/Globo Rural Andressa Silva, Diretora-Executiva da Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz).

A Índia reponde por 40% das exportações mundiais do cereal, estimadas em 55.4 milhões de toneladas em 2022.
A decisão indiana tem a ver com o menor volume de chuvas de Monção, que podem reduzir a produção do maior exportador mundial, que atende mais de 140 países. “Não é a primeira vez que a Índia faz isso. Em setembro passado, por exemplo, foi a vez de restringir a venda de basmati. Agora, inclui o branco, o mais consumido no mundo, e abre oportunidade para o Brasil capturar alguns mercados”, disse Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado.

O analista lembra, porém, que os maiores mercados atendidos pela Índia ficam na Ásia e África Oriental, enquanto o Brasil fornece principalmente para África Ocidental e América Latina. “As distâncias dificultam a substituição direta, mas incentivam outros países a comprar arroz americano, que é nosso concorrente.”

Na ponta contrária ao aumento de preços, Oliveira explica que os EUA estão devem colher uma grande safra neste ano, de 6.4 milhões de toneladas, 1.4 milhão de toneladas mais que em 2022/23. “Isso pode aliviar as tensões na bolsa”. Em Chicago, o arroz era negociado ontem a US$ 16,195 o quintal curto (medida que equivale a 45,36 quilos), estável em relação a agosto.

No mercado interno, temos arroz até o fim do ano, garante Andressa. A colheita de 2023/24 vai ocorrer a partir de fevereiro com boas perspectivas. O Instituto Riograndense de Arroz (IRGA) estima que a área total plantada no RS será de 902.400 hectares, 7,50% maior do que a da safra 2022/23.

A Emater gaúcha estima neste momento uma produtividade de 8.359 quilos por hectare, com produção total de 7.5 milhões de toneladas e aumento de 4,19% na comparação com a safra anterior. O País todo deve produzir 10 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em linha com os últimos anos.

Fonte: Globo Rural
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