Política para o leite deve priorizar questão sanitária, aponta o diretor da SNA Francisco Villela

A Frente Parlamentar da Agropecuária trabalha na elaboração de sugestões para o plano plurianual 2016-2019, um instrumento de planejamento governamental de médio prazo, que será lançado em 2015 pelo Executivo. Intitulado Projeto Pensar 2020, o documento reúne propostas para várias cadeias produtivas, incluindo a leiteira. Todas as fases da proposta levam em consideração o aumento da população mundial e as tendências de consumo para o início da próxima década.

Para sustentar a garantia de um excedente exportável de leite, o projeto foca na elevação da produtividade. Até o início da próxima década, aponta a iniciativa, o Brasil deverá aumentar em 25% a quantidade de litros de leite produzidos sem que haja ampliação na população animal, hoje de 23 milhões de vacas ordenhadas. O diretor da SNA Francisco Villela avalia, no entanto, que um desempenho superior do setor leiteiro no país está condicionado a dois fatores: maior rigor nas questões sanitárias e estabelecimento de políticas anti-dumping (prática que visa monopolizar uma atividade econômica em determinado mercado).

“Não vai resolver nada fazer diagnósticos. É preciso deixar o mercado livre e exigir melhorias na produção, evitando a importação de produtos subsidiados”, assinala o diretor. Para Villela, a atuação do governo deve ser principalmente no sentido de garantir a qualidade do leite e seus derivados, e impedir a concorrência desleal no setor. “Você não pode ter um produtor que não observe os padrões de qualidade competindo com um que observa, porque isso coloca em risco a sanidade da população e o equilíbrio das relações do setor”, explica.

A qualidade do leite e seus derivados é estabelecida, principalmente, pelos índices de contagem bacteriana total e contagem de células somáticas. Os certificados de inspeção para produtos de origem animal só são concedidos após a aprovação em testes laboratoriais. Além da entrada de produtos irregulares no mercado, Villela aponta a concorrência de produtos importados como desestímulo à atividade nacional. “As importações são feitas de países que subsidiam a produção e têm enormes estoques de leite, levados à venda por preços irrisórios. Resolvidas essas questões pontuais, o setor leiteiro vai se desenvolver sozinho.”

O projeto da Frente Parlamentar da Agropecuária estima que, até 2020, a produtividade média por animal deve saltar cerca de 30%, indo de 3,7 litro/dia para 4,8 litro/dia. Além das metas produtivas, o documento aponta como prioridades a erradicação da brucelose, o aumento de 40% no consumo de derivados e a elevação da participação das cooperativas na produção nacional, de maneira que elas sejam responsáveis por 45% desse total.

 

Por Equipe SNA/RJ

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp