Plástico comestível com vários sabores: é pura nanotecnologia

O plástico comestível ainda está em fase de desenvolvimento, mas já é possível perceber a infinidade de aplicações para a pesquisa. Aproveitando rejeitos de alimentos — como tomate, beterraba, cenoura, mamão, maracujá — a embalagem servirá para envolver de pizza a aves, sem a necessidade de descartá-los na hora do preparo. As mais novas formulações que a Embrapa Instrumentação (SP) está criando são à base de goiaba e espinafre.

Desenvolvido pela Rede de Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano), com investimentos que já ultrapassaram R$200 mil, os plásticos comestíveis têm como vantagens o reaproveitamento de rejeitos da indústria de alimentos, a substituição de material sintético, além de ter a mesma resistência e textura dos plásticos convencionais. Como pode ser ingerido, a indústria de embalagens consegue explorar o material de diversas formas.

Entre as possibilidades estão sachês de sopas, que podem se dissolver com seu conteúdo em água fervente; aves já envoltas em sacos, que contêm o tempero em sua composição; sem contar o potencial para o mercado de alimentos destinado ao público infantil. “Geralmente os vegetais — como espinafre, brócolis, beterraba, que são ricos em nutrientes — não agradam ao paladar das crianças. Por isto, os plásticos podem ser desenvolvidos com a mesma composição de nutrientes destes vegetais”, explica Marcos Lorevice, integrante da equipe responsável pela produção dos plásticos comestíveis.

Este tipo de plástico pode aumentar o tempo de vida de prateleira dos alimentos com a adição de quitosana, um polissacarídeo formador da carapaça de caranguejos, que tem propriedades bactericidas.

Para o chefe-geral da Embrapa Instrumentação e coordenador da pesquisa, Luiz Henrique Capparelli Mattoso, o trabalho de desenvolver filmes, a partir de frutas tropicais, é pioneiro no mundo, por utilizar rejeitos da indústria alimentícia para fabricar o material. “Isto garante duas características de sustentabilidade: o aproveitamento de rejeitos de alimentos e a substituição de uma embalagem sintética que seria descartada”, afirma Mattoso.

Para chegar ao plástico comestível, a matéria-prima utilizada passa pelo processo de liofilização, um tipo de desidratação que, após o congelamento do alimento, faz com que toda a água contida nele se transforme do estado sólido diretamente ao gasoso, sem passar pela fase líquida. Ao alimento desidratado é misturado um nanomaterial, que tem a função de dar liga ao conjunto. O resultado é um alimento completamente desidratado, com a vantagem de manter suas propriedades nutritivas.

 

Assine e receba os exemplares da Revista A Lavoura em sua casa. Entre em contato pelo e-mail: assinealavoura@sna.agr.br

 

Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 713/2016

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp