O cultivo de soja no Pantanal vem causando problemas de assoreamento de rios e prejuízos à biodiversidade da região. A constatação foi feita por especialistas ambientais que participaram de um debate promovido sobre o assunto pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) no Senado na quarta-feira, 21 de setembro.
Tendo em vista o regime sazonal de inundação da planície do Pantanal, resultado das cheias do Rio Paraguai, o plantio de soja em áreas baixas fica impedido por falta de tecnologia para o cultivo do grão em terras alagadas.
Segundo especialistas, devido ao regime sazonal de inundação da planície do Pantanal, a semeadura de soja, bem como de pastagem, tem avançado na parte mais alta da bacia, e com isso há reflexos no ecoturismo, impactando no regime hidrológico responsável pela sustentabilidade do bioma.
O presidente do Instituto SOS Pantanal, Roberto Klabin, comentou no debate no Senado que na parte inundada do Pantanal mato-grossense e sul mato-grossense, a pecuária e o turismo ecológico se adaptaram às cheias e secas da bacia, mantendo equilíbrio com a fauna nativa.
“O Pantanal é hoje um destino mundial para a observação da fauna silvestre, que atrai turistas do mundo todo para apreciar aqui o que está desaparecendo, ou seja, uma natureza em harmonia com atividades humanas locais”, disse Roberto Klabin, conforme a Agência Senado.
Durante a audiência pública da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), o diretor do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Paulo Carneiro, afirmou ser preciso conter a ocupação agrícola de áreas “mais sensíveis”. Segundo ele, os efeitos ambientais podem levar à destruição do Pantanal.
O Coordenador de Uso Sustentável dos Recursos Florestais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), André Sócrates Teixeira, destacou na audiência pública o crescimento do desmatamento na região do Pantanal. Ele salientou, contudo, que não é possível identificar se as novas áreas são autorizadas ou irregulares. O Ibama, revelou Teixeira, está implantando um sistema que permita tais identificações; entretanto, a prioridade do órgão é a Amazônia.
Presente no debate, o diretor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Luiz Nery Ribas, destacou que as lavouras na região do Pantanal são elaboradas conforme orientação de pesquisas. Ele pontuou que são utilizadas técnicas de plantio direto e integração lavoura-pecuária, sistema que vem ganhando força em Mato Grosso, que protege o solo e reduz o impacto da água da chuva, evitando desta forma a erosão e o assoreamento dos rios.
“Temos notado que, nas áreas trabalhadas, é impressionante o aumento de espécies da fauna e da flora, pois temos alimento o ano todo”, declarou Nery Ribas.
Fonte: Agro Olhar