Pioneiro do sistema de plantio direto terá biografia lançada na ExpoLondrina

Até o ano de 1972, os agricultores brasileiros sofriam com a erosão. Depois de passar por processos de aração e gradagem, o solo ficava exposto e a parte mais fértil era levada para os rios após cada chuva.

Dependendo das condições de declive e pluviosidade da propriedade, a perda de solo em um ano podia ser de 36 a 44 toneladas de terra por hectare.

Uma estimativa feita pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), em 1981, apontou que as perdas de solo por erosão no Estado chegavam a 1,8 bilhão de toneladas de solo por ano.

Esse cenário começou a mudar a partir do momento em que o agricultor Herbert Bartz, por conta própria, financiando passagens aéreas em dez vezes, indignou-se e resolveu viajar pela Europa e pelos Estados Unidos buscando uma solução.

Encontrou no Kentucky, nos Estados Unidos, onde já havia dez anos que dois extensionistas praticavam o “No-Till”, ou seja, plantavam sem arar e gradear, sem revolver o solo, deixando-o protegido e menos suscetível à erosão.

DOS EUA PARA O BRASIL

Bartz trouxe a tecnologia para o Brasil, adotando o sistema em sua propriedade, a Fazenda Rhenânia. Foi tachado de louco quando plantou por cima da palha da safra anterior.

Vizinhos chegaram a lamentar pelo fato de ele estar perdendo a sanidade mental. A primeira safra foi confiscada pela Polícia Federal, de tão estranho que era o novo jeito de plantar.

Atualmente, diferente é quem cultiva sem fazer plantio direto. Dados da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação indicam que esse sistema é utilizado em aproximadamente 35 milhões de hectares no Brasil, o que corresponde a quase 90% das áreas ocupadas com lavouras de grãos.

Ainda propiciou à agricultura do País chegar ao século 21 com recordes de produtividade. Somente por isso, segundo o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Bartz já mereceria uma bela biografia, no entanto, ele tem muito mais para contar.

HISTÓRIA DE VIDA

Menino nascido no Brasil e criado na Alemanha, em meio à Segunda Guerra Mundial (1939-45), ele é um sobrevivente, principalmente porque passou por todas as privações, inclusive de comida.

Na noite de 13 de fevereiro de 1945, ele estava em Dresden. Ao anoitecer daquela terça-feira, um imenso ataque aéreo com bombas incendiárias, comandado por forças britânicas, arrasou a cidade alemã cortada pelo Rio Elba.

Homens e mulheres que molhavam com água Bartz e outras crianças, abrigados em um porão, em meio a um calor aterrorizante, salvaram sua vida.

Depois, teve o pai prisioneiro dos russos, integrou um grupo de ginástica artística, viajou “de mochilão” pela Europa, perdeu a mãe. Depois, voltou com o pai e os irmãos para o Brasil.

DIAS DIFÍCEIS NA LAVOURA

Ele pagou um alto preço do pioneirismo, ao iniciar um sistema que ninguém fazia. Chegou a contrabandear produtos químicos para salvar sua lavoura. Sofreu represálias, entrou em polêmicas, perdeu um filho adolescente. Mas não desistiu.

Tudo isso está no livro “O Brasil possível: a biografia de Herbert Bartz” (240 páginas, edição do autor), escrito pelo jornalista Wilhan Santin. Durante 14 meses, ele fez 20 entrevistas com o biografado, ouviu outras 27 pessoas, pesquisou em dezenas de revistas, jornais, fotografias, livros e artigos da internet para reconstruir toda a história de 81 anos de vida de Bartz.

“A obra foi idealizada por Johann e Marie Bartz, filhos dele, e construída graças à colaboração de muitas pessoas, inclusive do próprio Bartz, que participou intensamente, contando tudo com detalhes”, relata Santin.

De acordo com o escritor, “muitos o relacionam ao pioneirismo do plantio direto, mas desconhecem toda a história anterior que o levaram ao Sistema. Além disso, trata-se também de, além da saga de um agricultor, contar um capítulo importante do agronegócio brasileiro”.

ESPERANÇA NO PAÍS

O título do livro foi ideia de Bartz e sua explicação está na própria biografia. “Tenho a certeza de que o Brasil com o qual eu sonho é sim possível. Espero que tudo o que está acontecendo no agronegócio se espalhe para todos os setores, que aqueles que ocupam os cargos políticos possam se espelhar no homem do campo, que trabalha do nascer ao pôr-do-sol, que come marmita em cima do trator com o motor ligado para fazer o plantio e a colheita no tempo certo, que planta sem ter a certeza de preços bons no momento da safra, que enfrenta estradas esburacadas para escoar a produção e que entende a natureza e a respeita. Por sinal, ela, a natureza, não aceita propinas.”

O lançamento da biografia do pioneiro Herbert Bartz conta com o apoio do Iapar, Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação e Sociedade Rural do Paraná. A obra foi patrocinada por Fundação Agrisus, Dow AgroSciences, Itaipu Binacional, Jacto, Marchesan e Microgeo.

SERVIÇO

Lançamento da biografia “O Brasil possível: a biografia de Herbert Bartz”
Quando: 10 de abril, terça-feira, às 19h30
Onde: Centro de Treinamento Milton Alcover, no Parque de Exposições Governador Ney Braga, durante a ExpoLondrina

Fonte: Assessoria de Imprensa do Iapar com edição d’A Lavoura

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