PHE: Verbas para melhorar hidrovias brasileiras devem chegar a R$ 17 bi até 2031

“O Brasil possui mais de 60 mil quilômetros de rios, lagoas, represas e canais, e nem um quarto desses trechos é aproveitado”, destaca o diretor da Sociedade Nacional da Agricultura Helio Sirimarco
“O Brasil possui mais de 60 mil quilômetros de rios, lagoas, represas e canais, e nem um quarto desses trechos é aproveitado”, destaca o diretor da Sociedade Nacional da Agricultura Helio Sirimarco

 

Apresentado no  dia 21 de novembro em Manaus (AM), o Plano Hidroviário Estratégico (PHE) do governo federal, lançado no mês passado, espera atender a um dos itens relativos à deficiente logística brasileira, que continua a causar grandes prejuízos no escoamento da produção agrícola. O PHE prevê investimentos de R$ 17 bilhões entre 2014 e 2031 para a modernização de hidrovias no país. Além disso, de acordo com o plano, a iniciativa privada deverá injetar mais R$ 9 bilhões na reforma dos terminais hidroviários e no aumento da frota.

O plano do governo vai beneficiar as hidrovias que já acomodam fluxos de carga igual ou superior a 50 mil toneladas anuais: Amazonas/Solimões e Negro, Madeira, Tapajós, Tocantins, Araguaia, São Francisco, Tietê e Paraná, Paraguai, e Hidrovias do Sul (Taquari, Jacuí e Lagoa dos Patos). Outra iniciativa, anunciada na semana, também promete impulsionar o setor logístico: a Associação dos Terminais Privados do Rio Tapajós (Atap), sediada em Belém (PA), e a Prefeitura de Itaituba firmaram um acordo para a construção de terminais fluviais no rio Tapajós. Seis empresas associadas à Atap, entre elas a Bunge e a Cargill, vão aplicar cerca de R$ 12 milhões no PHE, que já é considerado um dos projetos mais importantes para o escoamento de grãos da região Centro-Oeste para o mercado exterior.

Diretor da Sociedade Nacional de Agricultura, Helio Sirimarco acredita no potencial destas iniciativas, mas chama a atenção, citando dados da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), para o atual cenário: apenas 7% de todas as cargas brasileiras são transportadas por hidrovias. “O Brasil possui mais de 60 mil quilômetros de rios, lagoas, represas e canais, e nem um quarto desses trechos é aproveitado”, destaca.

 

RIOS NÃO NAVEGÁVEIS

Sirimarco lamenta que alguns rios, como o Teles Pires, por exemplo, que banha os estados do Mato Grosso e Pará, e corre em meio a lavouras, ainda não tenha sido explorado para navegação. “Divulgaram em uma recente reportagem da grande mídia que uma saca de milho naquela região vale, em média, nove reais. E para transportar essa saca até o Porto de Santos pela rodovia, o custo do frete chegaria a 18 reais, ou seja, o dobro do valor”, informa. “Se a hidrovia Teles Pires fosse navegável, o frete cairia para menos de um real por saca. Soube também que a associação de produtores da região estimou que o país poderia economizar R$ 2 bilhões ao ano, somente em combustível”, completa.

Para o diretor da SNA, a situação é agravada quando se anuncia que os reservatórios de cinco hidrelétricas de médio porte em construção vão tornar o Teles Pires navegável ao longo de 850 quilômetros até o Rio Tapajós. “O detalhe é que o projeto original não inclui a construção de eclusas. Isto impede a navegação e o projeto fica mais caro, quando o erro é corrigido depois. Foi o que ocorreu em Tucuruí, no Pará.”

Na opinião de Sirimarco, o certo é que as hidrovias – como a Tietê-Paraná, considerada a melhor e a mais antiga do Brasil – podem contribuir, e muito, “para desafogar as combalidas estradas brasileiras no transporte de produtos agrícolas”. “É apenas uma questão de logística”, resume.

Defensor da temática no 14º Congresso de Agribusiness da Sociedade Nacional de Agricultura, realizado no início de novembro, o também diretor da SNA Paulo Protásio afirma que, de maneira geral, “o agronegócio brasileiro necessita de condições decentes de infraestrutura e logística para assegurar melhor distribuição e garantir avanços no comércio exterior”. Além disso, ele também aposta na força das grandes corporações: “O setor empresarial brasileiro precisa se rearranjar e se comprometer com as prioridades de mudança na infraestrutura do país”.

 

Por equipe SNA/RJ

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