Cultivar milho sempre foi um desafio para os agricultores no Amazonas . Alguns resultados de recentes pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus, AM) abrem boas perspectivas para minimizar as dificuldades com o cultivo desse grão no Estado. Uma delas é a recomendação de novas variedades de milho para terra firme e várzea que possibilitarão um aumento na rentabilidade do produtor, tanto para comercialização de milho verde quanto em grãos secos. Também como resultado de pesquisa já se tem disponível um conjunto de informações técnicas para orientar a melhor forma de cultivo, nas condições do Amazonas.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Inocencio Junior de Oliveira, as novas variedades tem produtividade 20% a 25 % maior que as variedades cultivadas no estado. Isso representa que com as novas variedades milho estima-se uma produtividade de 5.000 kg/ha, em grãos de milho seco. Para o milho verde, pode-se colher 40.000 espigas comerciais por hectare (ha). Consideram-se “espigas comerciais” aquelas em bom estado e com tamanho maior que 15 cm de comprimento e 3,5 de diâmetro.
Segundo a Conab, na safra 2013, o Brasil colherá aproximadamente 76 milhões de toneladas de milho, numa área de 15,5 milhões de hectares, o que representa uma produtividade de quase 5 toneladas por hectare. Já a região Norte possui uma produtividade média 2,9 toneladas por hectare, com cerca de 558 mil hectares cultivados. O Estado do Amazonas produz apenas 36 mil toneladas de milho em 14,4 mil hectares, obtendo uma produtividade de 2,5 toneladas por hectare, valor aquém da média da região Norte e do Brasil.
Dados de pesquisas realizadas na Amazônia Ocidental, relatam a produtividade de novas variedades de milho em várzea amazonense de 6 toneladas por hectare e em terra firme de 5 toneladas por hectare.
Nas pesquisas com a cultura do milho, a Embrapa Amazônia Ocidental vem selecionando variedades e híbridos mais produtivos e adaptados às condições de solo e clima do Estado do Amazonas, tanto para o cultivo em várzea quanto em terra firme, ao avaliar os materiais em diversos locais. Estão sendo testados 42 materiais, entre variedades e híbridos, que podem ser utilizadas como milho-verde , para consumo humano, e milho em grãos, para ração animal.
Os benefícios esperados com esses resultados de pesquisa da Embrapa são o aumento da produtividade de grãos e do número de espigas verdes comerciais ao recomendar variedades e híbridos adaptados às condições de solo e clima amazonenses.
O pesquisador Inocencio Junior explica que para o cultivo de milho dar bons resultados é necessário o produtor ter alguns cuidados na escolha das variedades, no preparo do solo e na condução do cultivo. “Uma série de fatores garantem bons resultados com o cultivo do milho, especialmente, descompactar o solo, corrigir a acidez do solo com calcário e disponibilizar a quantidade de nutrientes que o solo necessita, com adubações”, explica Inocencio. Essa quantidade é identificada pela análise química do solo, e o preparo do solo é feito por meio arações e gradagens.
O milho é uma cultura exigente em nutrição e fertilidade do solo, especialmente, nitrogênio e fósforo. Por isso, o pesquisador relaciona como principais dificuldades para se produzir milho no Amazonas: o custo de produção, pelos altos valores de calcário e adubos, e pelo fato dos solos de terra firme possuírem baixa fertilidade e elevada acidez. Também influencia o fato de o Amazonas não possuir estrutura de beneficiamento, armazenamento e secagem de grãos.
Como a maioria dos produtores são pouco tecnificados no Amazonas, muitos preferem produzir milho-verde, que possui maior valor agregado, ao invés de milho em grãos. Para as condições do Amazonas, o pesquisador Inocencio orienta que “o produtor deve semear em época adequada, de novembro a março em terra firme e de outubro a novembro em várzea, escolher variedades ou híbridos recomendados pela pesquisa, pois estes já foram avaliados em diversos locais e por vários anos, além de realizar controle de plantas daninhas com o uso de herbicidas no momento adequado”. Em relação a colheita, acrescenta que é necessário ainda secar e armazenar os grãos corretamente e comercializar antecipadamente as espigas verdes.
Fonte: Embrapa