Os produtores rurais estão usando mais o computador e aumentou o número de mulheres no comando das propriedades rurais. Estes são dois destaques da 6ª Edição da Pesquisa Comportamental e Hábitos de Mídia do Produtor Rural Brasileiro 2013/2014, realizada quadrianualmente pela Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMR&A) e lançada nesta quarta-feira, 14 e maio, em São Paulo.
Os dados, levantados em parceria com o IPSOS Media CT, revelam que a participação das mulheres no campo, atualmente, é de 10%. Na edição de 1998/1999, esse número era de apenas 1%, em 2003/2004, foi para 3% e saltou para 7% em 2009/2010. De acordo com a avaliação do diretor administrativo e financeiro da ABMR&A, Ricardo Nicodemos, “isso reflete o que acontece nas cidades. A participação da mulher no mercado de trabalho cresce a cada ano”.
No que diz respeito à exposição aos meios de comunicação, a pesquisa mostra um aumento do acesso à internet. Nos levantamentos de 1988/1999, somente 3% dos produtores a utilizavam; 2003/2004, aumento significativo para 29%; de 2008/09, 30% e, agora, o porcentual passou a 39%. E destes, 92% estão conectados a redes sociais. Segundo o diretor da IPSOS, Diogo Oliveira, “vemos a mudança da relação do produtor rural com os meios da comunicação. As principais finalidades das redes sociais para ele é o uso técnico, para busca e disseminação de suas informações”.
A pesquisa aponta, ainda, que 34% leem jornal (em 2009/2010 eram 32%); o número dos que assistem TV caiu 3 pontos percentuais, 95% ante 98% registrados 2009/2010; rádio também houve queda, atualmente, 70% e em 2009/2010 eram 80%; revista de interesse geral permaneceu em 36% e revistas especializadas, dirigidas ao setor agropecuário, 23%, pequena queda de um ponto percentual – 24% em 2009/2010.
IMPORTÂNCIA
Ao explicar a importância da pesquisa, o presidente da ABMR&A, Daniel Baptistella, disse que “trata-se do mais completo mapeamento do setor rural e destina-se a todos profissionais de marketing, inteligência de marca e mídia que atuam direta ou indiretamente relacionados a este relevante segmento econômico, responsável por 1/4 do Produto Interno Bruto e 1/3 da força de trabalho. É também fonte rica e ampla para subsídio de profissionais de comunicação nas mais variadas editorias”. Ressaltou, ainda, uma das missões da entidade: “fortalecer o marketing dentro da cadeia e fortalecer o agro fora da cadeia do agronegócio”.
Segundo Baptistella, as transformações no campo têm sido tão rápidas que o tempo da pesquisa caiu pela metade: antes era feita a cada oito anos, agora, a cada quatro. Em sua opinião, o produtor de um modo geral está até certo ponto capitalizado e tem investido em tecnologia para aumentar a produção dele. “É uma forma” de ele tirar maior proveito da terra sem investir em novas aquisições.
PERFIL
Mais uma vez ficou comprovado que os produtores rurais brasileiros estão utilizando mais tecnologia tanto na produção quanto na comunicação. De acordo o analista de pesquisa do IPSOS, Alexandre Torres, proprietários, seus filhos, gerentes e os demais responsáveis pelo gerenciamento dos estabelecimentos estão preocupados com a inovação. “Às vezes. alguns produtores têm resistência por ainda não ter familiaridade com as novas tecnologias, mas eles anseiam utilizá-las ou mesmo conhecê-las. Um exemplo disso é o movimento crescente dos gestores nos eventos rurais. Há uma profissionalização da atividade rural”, disse.
Já 34%, veem na agricultura e pecuária atividades empresariais que visam ao lucro. São engajados e atentos a todas e quaisquer novidades no setor, portanto. participam de eventos, feiras e convenções. Têm ampla experiência no setor e, mais do que estarem informados, procuram implementar novas tecnologias e técnicas desenvolvidas para o agronegócio. Esse segmento entende que inovação é importante para o crescimento do negócio e aumentar sua rentabilidade.
E, finalmente, 24% são considerados mais antenados e inteirados sobre novas tecnologias. Utilizam com certa frequência recursos e serviços da internet e se mantêm sempre informados através dos meios de comunicação e nas redes de relacionamento sobre tendências, novas técnicas e novos produtos desenvolvidos no agronegócio, não só em eventos do setor. Participam de programas de fidelidade.
RENDA E FINANCIAMENTO
Com relação ao aumento de renda, principalmente o produtor de grãos, registrou-se diminuição das áreas arrendadas (de 11% para 8%) e aumento das áreas próprias (de 78% para 84%). No que diz respeito à educação, 79% ainda possuem superior incompleto, 6% já completaram o nível superior, 12% com pós-graduação e 3%, mestrado/doutorado/MBA.
As cooperativas ainda são os principais meios de comercialização: houve um crescimento das cooperativas (35% do total), seguidas de comerciantes (17%), armazenadores (15%) e atacadistas (9%). Nas outras modalidades de comercialização da safra, o mercado futuro é o mais utilizado (21%), mais pelos grandes produtores (37% ante 25% de médios e 12% de pequenos produtores).
Dentre as fontes de financiamento de custeio, a maioria ainda provém de recursos próprios (76%), seguido de empréstimo bancário/crédito rural (53%) e célula de produtor rural – CPR (19%). A pecuária apresenta o maior porcentual de utilização de recursos próprios (80%). “Os créditos existentes no mercado ainda não estão tão disseminados e utilizados pelo pecuarista”, destacou Baptistella.
A pesquisa entrevistou 2581 produtores em todo o País. Além do perfil do agricultor, foram levados em conta avanços tecnológicos em relação a maquinários e as novas tecnologias à disposição do homem do campo.
ALGUNS DADOS
84% têm residência própria
95% assistem televisão e 87% tem antena parabólica
39% acessam a Internet
47% vivem na propriedade rural, 23% na cidade e 30% nos dois locais
85% dos produtores usam o plantio direto
76% das grandes propriedades usam ordenha mecânica, e entre as pequenas, a porcentagem aumentou para 59%
86% das propriedades realizam de forma correta o descarte de embalagens
33% usam o financiamento do Finame ou Crédito Rural
Por Equipe SNA/ SP