Pesquisa avalia armazenamento de grãos no Mato Grosso

O Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense (UFF) apresentou uma análise do sistema de armazenamento de soja no maior estado produtor da oleaginosa, o Mato Grosso. A pesquisa faz parte de uma tese de doutorado de Luciano Bomfim do Nascimento, defendida em 2018.

Ele analisou a concentração da armazenagem pelos quatro principais grupos de grão do estado: Bunge, Cargill, ADM e Amaggi. O levantamento usou como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e informações em páginas e sites oficiais das prefeituras locais e das corporações analisadas.

Segundo o artigo, os quatro grupos estão presentes em todas as regiões mato-grossenses: norte, nordeste, sudeste e sudoeste, exceto no centro-sul. Juntos, detém 145 unidades. Desse total, apenas 15 são do tipo convencional e o restante, graneleiros.

Capacidade

De um total de 32.486 milhões de toneladas de capacidade do Estado de Mato Grosso, as corporações contribuem com 6.064.000 toneladas, representando 20% do armazenamento.

A Amaggi detém a maior capacidade (1.745.720 toneladas), seguida pela Cargill (1.703.726 toneladas), Bunge (1.538.000 toneladas) e a ADM (1.076.899 toneladas), revelando uma certa homogeneidade entre a capacidade de armazenamento dessas empresas e uma competitividade expressiva pelo grão nessas áreas, de acordo com o autor do estudo.

Também foi constatado que os grupos estão situados em pontos estratégicos para o escoamento de grãos nas rodovias BR-364, BR-163 e BR-158. “A armazenagem em Mato Grosso não é bem distribuída. Pelo contrário, está concentrada nos municípios que são grandes produtores de grãos”, indica Nascimento.

Os municípios nos quais os grupos estão presentes, as corporações quase sempre se repetem, e sete mantêm as quatro empresas em seu território: Sorriso, Rondonópolis, Primavera do Leste, Campo Novo do Parecis, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Querência. Os três primeiros detêm a maior quantidade de armazéns, com 14 unidades cada um.

Maiores armazenadores

Quanto à capacidade de estocagem, Sorriso é o maior armazenador, seguido por Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde, Rondonópolis, Nova Mutum e Sapezal. A concentração da capacidade de armazenamento nesses municípios é explicada pela significativa produção de grãos de suas áreas agrícolas.

Mesmo assim, Nascimento destaca que a capacidade dos municípios que são grandes produtores de soja e milho não é suficiente para atender toda a produção, havendo grande déficit no segmento.

Ele observa que, dentre as corporações analisadas, a maior parte dos armazéns utilizados pelos produtores pertence a essas empresas. Apenas os grandes produtores possuem instalações, gerando perda de lucratividade para os demais.

“O estado precisaria de maior investimento público em linhas de financiamento para o segmento de armazenamento, principalmente para os médios e pequenos produtores”, afirma o autor da pesquisa.

Déficit

Um estudo realizado pela Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso (Aprosoja-MT), em 2019, confirma o déficit de armazenagem no estado. Sendo líder na produção de grãos, com expectativa de colher 34.6 milhões de toneladas de milho e 36.9 milhões de soja no ciclo 20/21, alguns gargalos ainda são significativos, e a armazenagem é um deles.

Também com base em dados da Conab, acrescidos de informações do AgroMT Outlook 2028, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o estudo calculou qual seria esta deficiência. A conclusão foi que o ritmo intensificado da produção agrícola não foi acompanhado na mesma proporção pela capacidade estática de armazenagem do país.

“Em 2018, o Brasil registrou uma capacidade de armazenagem de 162.9 milhões de toneladas. A evolução foi de apenas 26,80% em uma década, representando menos da metade da evolução registrada na produção de grãos do País no mesmo período”, avaliou Nascimento.

Em Mato Grosso, a capacidade estática dos armazéns é capaz de cobrir apenas 57,80% de todo o volume de grãos produzidos, representando um déficit de 27.4 milhões de toneladas para armazenamento dos grãos.

Este volume representa 41% do total do déficit de armazenagem do Brasil, que conta com uma capacidade estática de 166.3 milhões de toneladas e tem produção estimada em 233.28 milhões de toneladas para a safra 2018/19.

Para acompanhar a evolução da produção, o estado precisaria ter uma capacidade de armazenagem estática de 123.4 milhões de toneladas até 2028. “Isso indica que a capacidade estática tem de crescer 228,90%, o que representa 85.9 milhões de toneladas, em uma década”.

 

Fonte: Agrolink

Equipe SNA

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp