Pecuaristas apostam em inovação para manter a produtividade no campo

A agropecuária é um dos setores que menos sofreu abalos mediante à atual crise econômica. De acordo com estimativas da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) – Agosto de 2015, “a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária em 2015 é de R$ 1,2 trilhão, sendo R$ 825,08 bilhões (67,6%) para o setor agrícola e outros R$ 396,27 bilhões (32,4%) para a pecuária.

A expectativa é que este panorama positivo permaneça ascendente. Até 2050 a produção mundial de alimentos deverá crescer 80% para abastecer cerca de 9,7 bilhões de pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ 2015).

Para o pecuarista Claudio Natel, arrendatário da fazenda Recanto São Francisco e instrutor do Curso de Inseminação Artificial no Centro de Treinamento de Qualificação de Mão de Obra para o Setor Agropecuário – CT Agrovap, do Vale do Paraíba (SP) em parceria com a Semex Brasil – empresa que há 20 anos atua no segmento de genética bovina no país, o cenário é promissor, mas é necessário se profissionalizar para se adequar à competividade do mercado. “Tenho um mérito de aproximadamente 250 cursos”, conta.

Natel veio de uma família de fazendeiros, seu pai e avô foram inspiração para sua carreira na agropecuária. “Até 1988, trabalhava como bancário, mas surgiu uma oportunidade para administrar uma fazenda em Goiás. Estava prestes a aceitar a proposta, quando o diretor do banco que eu era funcionário comentou que possuía uma fazenda desativada no Vale do Paraíba e me convidou para prestar serviços em sua propriedade. Aceitei”, narra o instrutor.

Os cursos e atualizações foram fundamentais para Claudio reestruturar a propriedade que havia sido colocada aos seus cuidados. “A fazenda era totalmente improdutiva. Comecei a analisar as necessidades para seu desenvolvimento. Fiz aproximadamente 50 cursos para o manejo de bovinos. Costumo dizer que sou “vacólatra” (apaixonado por vaca)”, brinca.

Foi um sucesso! A propriedade leiteira estava formada e com alto índice de produção. “Com isto, o diretor do banco me indicou para formar a propriedade do Dr. Igor, seu amigo e cliente da Semex”, continua.

Claudio trabalhou durante 25 anos nestas duas fazendas. “Na propriedade do Igor cheguei a receber diversas visitas de técnicos agrícolas, colaboradores e produtores da região. Comecei a treinar os funcionários da fazenda e ensiná-los a inseminar o gado”, relata.

Mas a carreira de Claudio estava apenas começando, com o decorrer de seu esforço conquistou vários prêmios. Recebeu o título de campeão em exposições regionais importantes como: Fapija – Feira Agropecuária de Jacareí, Feicampo – Feira de Pequenos e Grandes Animais e Implementos Agrícolas (Taubaté), entre outras. Os títulos foram diversos, dentre eles: Grande Campeã Vaca Vitalícia e campeão de vários torneios leiteiros, do gado da raça girolando.

“No decorrer deste período surgiu a ideia de montar um centro de treinamento. Então arrendei uma propriedade no Vale do Paraíba, adequei, e procurei algumas parcerias. Foi quando conheci o Nelson, presidente da Semex Brasil e após uma reunião em Uberaba (MG) fechamos a proposta para realizar estes cursos”, conta o pecuarista.

A região do Vale do Paraíba é conhecida pela força no segmento de laticínios. Embora o preço pago ao produtor de leite tenha sofrido uma queda neste último semestre, para Natel, a visão sobre este mercado é relativa. “O cenário atual da pecuária leiteira é negativo somente para o produtor despreparado. Àqueles que investem em tecnologia e inovação, tal como a inseminação artificial para atingir o padrão racial do gado continuam resistentes à instabilidade dos preços pagos ao produtor de leite. Ou seja, quem não se preparar não sobreviverá à esta crise”, completa.

Outro aspecto que estimula o pecuarista a investir na propriedade são as Instruções Normativas 51 (IN 51) – 2002 e a 62 (IN 62) – 2011, criadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que visam regulamentar a produção, identidade, qualidade, coleta e transporte do leite tipo A, leite cru refrigerado e leite pasteurizado. “Com estas normativas, por força da lei, a propriedade precisa evoluir”, acrescenta.

Já o mercado de corte está em expansão no Brasil. No mês de outubro, o país exportou 138,7 mil toneladas de carne, com faturamento de US$ 557,3 milhões, o maior do ano, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) – 2015.

“Apesar da crise, a tendência é crescer neste segmento. Mas é necessário aderir a novos métodos, como a ordenha mecânica, a genética, entre outras, sempre orientando e formando profissionais”, afirma Claudio.

Inovação e tecnologia – fatores essenciais para aumentar a produtividade

A inseminação artificial é um dos métodos mais utilizados para aumentar a produtividade do gado tanto de corte como de leite. É possível padronizar o rebanho, ampliar a produção de leite e carcaça, evitar diversas doenças reprodutivas e sem causar impactos ambientais. Porém esta tecnologia precisa ser melhor difundida, de acordo com a Embrapa, pouco mais de 10% do gado é inseminado.

Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento da pecuária, a Semex em parceria com a Agrovap formou mais de 80 inseminadores no Vale do Paraíba em 2015. “As aulas são teóricas e práticas. Além disto, só recebe o certificado quem estiver apto para exercer a profissão e mostrar boas notas”, completa Claudio.

O último curso realizado neste ano pela empresa será entre os dias 1 e 4 de dezembro, das 9h às 17h, na CT Agrovap.
A programação do curso inclui: história da inseminação artificial, os benefícios do melhoramento genético, reconhecimento do cio, descongelamento, manipulação e aplicação. Outros cursos profissionalizantes da CT Agrovap são: manejo de ordenha e qualidade do leite, casqueamento em bovinos, manejo eficiente na criação de bezerras e novilhas, conforto animal, preparação de animais de exposições, saúde de ubre, entre outros.

 

Fonte: Agrolink 

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