Pecuária brasileira tem motivos para acreditar em um 2025 bastante promissor

O preço do boi gordo acima de R$ 300 a arroba e o do bezerro atingindo mais de R$ 400 por arroba é um dos motivos de otimismo do setor – Foto: Canva

A pecuária é uma das atividades mais potentes do agronegócio brasileiro e, segundo especialistas, 2025 é um ano com grandes expectativas para este setor. O Ministério de Agricultura e Pecuária (MAPA) estima que o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) deve crescer 11,5% neste ano, em relação a 2024, chegando à marca de R$ 1,419 trilhão. Deste total, R$ 477,142 bilhões estão relacionados à produção pecuária, correspondente a 33,6% do total, uma elevação de 12,2% contra o ano anterior.

Genética boa

O diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), engenheiro e pecuarista, Chequer Jabour Chequer, defende pontos importantes na pecuária de corte, como a aquisição de touros de alta genética, chamados touros “ceipados”, ou seja, que possuem o Certificado Especial de Identificação e Produção (CEIP). “Com a aquisição desses touros, será possível uma melhora no padrão do gado, maximizando a produtividade e a lucratividade, elevando a eficiência produtiva e a melhoria da qualidade do rebanho, por atendimento de determinados índices obtidos com estes touros ‘ceipados’”.

Chequer Jabour Chequer, dir. da SNA, em uma de suas propriedades de criação de gado – Foto: Arquivo pessoal

Ainda segundo Chequer, isso vai permitir o atendimento de todas as exigências feitas para exportação de carne para a China, o chamado boi China. Portanto, haverá sempre uma melhora progressiva na qualidade do rebanho. “Os bezerros serão bem precoces, a engorda vai ser muito facilitada, encurtando o seu tempo e permitindo vender o boi mais cedo, e obviamente, o produtor vendo sua lucratividade antecipada”.

Retenção de fêmeas

A consultoria Safras & Mercado aponta um aumento expressivo no abate de fêmeas bovinas no primeiro semestre de 2024 no Brasil, chegando a 5,393 milhões de cabeças, uma alta de 17,9% sobre o mesmo período de 2023.

O pecuarista comenta o impacto do abate significativo de matrizes em um passado não tão distante. “Isso se traduz também na perda da geração de futuros bezerros para poder serem usados na recria e também de futuras matrizes, principalmente se esse gado for um gado com boa genética, ou seja, propício a uma recria saudável e precoce”.

Mercado interno

Em relação ao mercado interno, o diretor da SNA, afirma não haver dúvida sobre a alta significativa nos preços dos alimentos ao consumidor. “Todo dia tem matéria de especialistas, de analistas da economia na mídia comentando sobre. Esta alta determina um menor poder de compra afetando, principalmente, as classes média e baixa”.

Embora esse quadro interno determine um menor consumo devido ao custo elevado da carne, o setor da pecuária de corte vive um momento auspicioso com o valor da arroba do boi sustentado pelo preço do dólar atingindo seis reais.

“De sorte que há uma recuperação significativa com a arroba do boi gordo negociada a R$300, no momento. Nós, pecuaristas, passamos por um período com os preços da arroba bem amassados. Hoje, por exemplo, os bezerros com a boa genética já estão sendo vendidos na ordem de R$ 400 reais a arroba ou até mais. A tendência, principalmente aqui na região Sudeste, é manter esses níveis atuais, podendo até, num futuro bem próximo, atingir outros patamares interessantes”, pontuou Chequer.

O também engenheiro antecipa que está sendo esperada uma produção muito boa de soja e de milho, fontes de alimentação para o gado, além de cana-de-açúcar, utilizada na pecuária leiteira.

Câmbio

Vale ressaltar a questão cambial com a desvalorização da moeda brasileira. “Os frigoríficos, no momento, se encontram em uma posição confortável, no tocante à exportação da carne bovina. Acreditamos que o setor se mantenha aquecido durante todo este ano”.

Importação do leite em pó

O setor leiteiro, que possui muitos pequenos e médios produtores, vem sofrendo com a importação não muito bem assimilada do leite em pó, fator determinante para uma baixa dos preços ao produtor.

“Este quadro da importação do leite em pó desequilibra totalmente a equação financeira, principalmente para o pequeno e médio produtor, que se conseguir chegar ao final do mês empatando o preço de venda com os custos, já deve se dar por satisfeito; ficando só as crias como uma compensação, o que é um desincentivo extremamente grande”, frisou o pecuarista.

Subsídios e o Mercosul

Nos mercados internacionais, principalmente na Europa, a produção leiteira é largamente subsidiada, como disse Chequer Jabour. “Talvez haja até um certo receio do Mercosul entrando no mercado europeu, em face da nossa produtividade. Certamente, iremos praticar um custo mais interessante na produção leiteira do que o custo interno. Isso é óbvio”.

Exportação

Em 2024, houve a maior exportação de bovinos vivos com o embarque de 883,52 mil cabeças, somando 370 mil toneladas, no período entre janeiro e novembro daquele ano, uma alta em torno de 88% em relação a 2023.

“Acredito que 2025 vai ser um bom ano para a pecuária”, disse o diretor da SNA – Foto: Arquivo pessoal

Renovação de pastagens e produção leiteira

A renovação das pastagens é outro aspecto importante para quem se dedica à pecuária de corte. “Muitos fertilizantes têm o preço atrelado ao dólar. Então, contamos que não haja solavancos por parte de certas medidas que possam agravar a situação da produção leiteira e os preços praticados”.

O MAPA divulgou que o Brasil é o terceiro maior produtor de leite no mundo com uma estimativa de crescimento de 5% ao ano. “Isto, caso não haja uma alta expressiva dos insumos. Aliando-se tudo isso a uma boa política para a manutenção dos preços para o pequeno e médio produtor, de modo a garantir uma margem de lucratividade que permita a sobrevivência do setor leiteiro. A qualidade do nosso leite é muito boa, competitiva, inclusive com a perspectiva de colocarmos subprodutos também no hall das exportações”, destacou Chequer.

Futuro

“Acredito que 2025 vai ser um bom ano para a pecuária. O preço do boi gordo acima de R$ 300 a arroba, o bezerro atingindo mais de R$ 400 por arroba; contamos com uma genética bem melhor do que nos anos anteriores, precocidade, qualidade, todas as características para a formação de um bom rebanho, refletindo numa boa carne para exportação e o mercado interno também muito bem atendido no tocante a esse avanço verificado para a carne bovina”, finalizou Chequer Jabour Chequer.

Por Larissa Machado / larissamachado@sna.agr.br
Com informações complementares das consultorias Scot, Safras & Mercado e do MAPA

 

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